São Paulo, terça-feira, 18 de abril de 1995
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EUA lutam contra falta de apoio para renovar TNP

NEWTON CARLOS
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Embora tenha prorrogado a suspensão de testes atômicos por parte dos Estados Unidos, como gesto de boa vontade, o presidente Bill Clinton não conseguiu até agora apoio necessário para a renovação do Tratado de Não-Proliferação Nuclear.
O assunto é discutido desde ontem na ONU e os norte-americanos querem aprovar a vigência permanente do acordo.
A não-proliferação das armas de destruição maciça é uma das prioridades da diplomacia de Clinton, no momento empenhada em impedir que Rússia e China vendam reatores nucleares ao Irã.
Os países contrários à proposta norte-americana (árabes, não-alinhados, e o Terceiro Mundo de modo geral) acham que ela seria cheque em branco sem duas contrapartidas essenciais.
A primeira seria um compromisso das potências nucleares em não usar seus artefatos, com potencial destrutivo suficiente para arrasar o planeta.
Em segundo lugar viria o encaminhamento imediato de medidas que levem a um "verdadeiro" desarmamento nuclear.
O artigo seis do tratado, em vigor desde 1970, prevê a "completa eliminação dos arsenais atômicos existentes.
Nada foi feito para implementá-lo, e suspeita-se que os cinco do clube nuclear (Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, França e China) querem simplesmente preservar seu monopólio.
Mesmo o Egito, aliado privilegiado dos Estados Unidos, se recusa a assinar o tratado se Israel não fizer o mesmo.
Os árabes estão convencidos de que os israelenses têm estocados entre 20 e 200 engenhos atômicos.
O ambiente envenenou-se ainda mais com a recusa israelense em assinar o TNP antes que haja paz no Oriente Médio.
Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos e a ex-União Soviética construíram mais de 100 mil ogivas atômicas e as promessas de desmontagem mal somam 30 mil (10 mil americanas e 20 mil russas) até o terceiro milênio.
A ogiva nuclear, com poder destrutivo de várias bombas atômicas, é a parte explosiva que é colocada na cabeça dos mísseis nucleares.
Programas nucleares "secretos", como o do Paquistão, vão em frente, consumindo enormes recursos no Terceiro Mundo. Na fila, Índia, Indonésia, Coréia do Norte, talvez Egito, etc.
"A era do doutor Fantástico apenas começa", escreveu um especialista.

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