São Paulo, terça-feira, 18 de abril de 1995
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Peças recuperadas exigem cuidado

ROSANGELA DE MOURA
FREE-LANCE PARA FOLHA

Tome cuidado ao comprar peças recondicionadas -também chamadas de recuperadas. Mais baratas, normalmente têm vida útil menor do que a de novas.
Em alguns casos, as peças não podem ser recuperadas, por envolver riscos à segurança do veículo.
Omar Moore de Madureira, 59, professor de engenharia mecânica da USP, diz que perdas na durabilidade e aparência da peça são aceitáveis, mas na segurança, não.
Segundo ele, é perigoso usar, por exemplo, tambores de freio (uma peça de metal redonda que fica presa à roda) ou terminais de barra de direção (pontas presas à roda) recondicionados.
Se uma articulação esférica da direção ou suspensão não for bem montada e ficar com folga, diz Madureira, pode sair da sua posição e travar as rodas, resultando em um acidente grave.
Ele lembra que um defeito na barra de direção causou o acidente que resultou na morte do piloto Ayrton Senna, em maio de 94.
Conta que levou há pouco tempo um carro a uma empresa especializada para que fosse feita a retífica do motor. "A empresa fez um bom serviço e me deu garantia de um ano ou 20.000 km."
Madureira dá mais uma dica: pedir garantia ao recondicionador de qualquer peça.
A retífica de motores, a recauchutagem de pneus e a recarga de extintores de incêndio têm procedimentos determinados pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).
Segundo Joel Beltrão Medeiros, secretário-executivo do comitê responsável por automóveis na ABNT, as oficinas que cumprem as especificações para recondicionamento das peças são autorizadas a usar um selo da entidade.
A ABNT também estuda a elaboração de normas para outros tipos de componentes.
Geraldo Luiz Santo Mauro, 60, presidente do Sindirepa (Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios), explica que a procura por peças recondicionadas cresce toda vez que a economia do país enfrenta problemas.
Ele diz que algumas peças podem ser recuperadas, mas outras -como as molas, integrantes do sistema de suspensão do veículo- não devem ser reaproveitadas.
Para fazer uma mola é empregado um processo de tratamento do aço usado na peça que não deve ser repetido. Há oficinas que usam o mesmo tratamento para recondicionar molas, mas, segundo Santo Mauro, elas ficam fracas ou rígidas demais e podem se quebrar.
Gabriel Digmanese, gerente de remanufatura da Sachs, fabricante de peças para embreagem, afirma que as peças usadas são desmontadas e selecionadas.
As partes que estiverem danificadas são substituídas por novas. A empresa oferece a mesma garantia de uma peça nova.
A Cofap, fabricante de amortecedores, não recondiciona essa peça. Segundo a empresa, é inviável fazer a recuperação e manter o nível de segurança necessário ao componente.

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