São Paulo, quarta-feira, 19 de abril de 1995
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REPERCUSSÃO

Davi Arrigucci Jr., crítico literário: "Minha impressão inicial diz que é uma reforma secundária, insignificante, diante de problemas tão maiores que temos para resolver. É muito trabalho e muito gasto para uma bobagem, que nem sequer foi amplamente discutida.
Carlos Augusto Lacerda, editor da Nova Fronteira: "Estamos preparados para a mudança. Fizemos uma pesquisa e descobrimos que o acordo muda apenas 2% de um universo de palavras como o do dicionário Aurélio, por exemplo. As mudanças serão muito maiores em Portugal. No mercado editorial, seu impacto deve ser sobretudo inicial, pois a mudança vai exigir um trabalho de revisão muito grande. Um aspecto positivo é que o acordo tende a ampliar o mercado editorial, pois vai facilitar a leitura em todos os países".
Boris Schnaiderman, escritor e professor: "Acho natural haver diferenças de grafia e pronúncia. Elas devem ser mantidas. Em geral não simpatizo com a mudança".
José Paulo Paes, poeta e ensaísta: "Além da saúva, o mal do Brasil é a mania da reforma ortográfica. Já peguei cinco e a língua continua sendo mal usada. Me recuso a usar enquanto não for obrigatório".
Sábato Magaldi, crítico de teatro: "Concordo com o ponto de vista do Houaiss: a reforma é positiva e vale a pena tentar. O sotaque é marcante e isso não muda. A literatura fica mais acessível".
Altair Brasil, presidente da CBL (Câmara Brasileira do Livro): "Acho ótimo. Vai facilitar ainda que no começo a confusão seja grande. Acho que os portugueses vão ter mais dificuldades"
Josué Montello, presidente da ABL (Academia Brasileira de Letras): "Esse acordo completa um trabalho feito pela academia. Quando ela começou, em 1897, a primeira tarefa foi definir como se escrevia Brasil, com S ou com Z. É possível estabelecer uma concordância entre os países de língua portuguesa, respeitando as peculiaridades. É preciso enaltecer o Antonio Houaiss e o José Aparecido, que era embaixador em Portugal. E esse processo chega ao fim com um acadêmico, José Sarney, na presidência do Senado".
Antonio Callado, escritor: "Acho essas histórias todas um saco interminável. Quando era pequeno já havia muitas reformas. Ninguém mais sabe escrever a língua. No início do século, o Euclydes da Cunha já reclamava dos acordos e mudanças. Isso é coisa de gente que não tem o que fazer. Mas já perdi as esperanças, sei que outros acordos virão".
Sérgio Machado, presidente do SNEL (Sindicato Nacional dos Editores de Livros): "Contra a lei não se discute. Mas vai ser um problema para editores que terão prejuízos com fotolitos e composição do material. Isso vai demandar tempo e terá um custo grande. Vamos passar essa conta para o consumidor".

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