São Paulo, quarta-feira, 19 de abril de 1995
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Venda de carro importado bate recorde

ARTHUR PEREIRA FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

As vendas de carros importados bateram novo recorde no mês passado. As 31 marcas independentes (empresas que não possuem fábricas de automóveis instaladas no país) colocaram no mercado 24.400 veículos, 46,14% a mais do que em fevereiro (16.696).
Os números foram divulgados pela Abeiva (Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores).
Segundo a Abeiva, se forem somadas as importações feitas pelas montadoras, o total de carros importados negociados em março chega a 50.363 unidades. O acumulado no ano atinge 133.785 unidades.
Mas esses números não vão se repetir em abril. Emilio Julianelli, presidente da Abeiva, prevê que este mês as vendas vão despencar por causa do aumento da alíquota do Imposto de Importação de 32% para 70%, decretada pelo governo em 29 de março.
"A queda será de cerca de 50%. Ficamos praticamente parados durante os primeiros 15 dias do mês", explica.
Durante esse período os importadores esperaram uma decisão do governo sobre a alíquota a ser paga pelos 38.500 carros que o setor já havia encomendado e pago no exterior. Só venderam automóveis as marcas que possuam estoques no país com preço antigo.
A decisão, segundo Julianelli, chegou oficialmente segunda-feira à tarde: todos vão ter que pagar a nova alíquota. "Isso representa um grande prejuízo. Os importadores vão ser obrigados a enxugar suas operações e realizar demissões", diz Julianelli.
Segunda a Abeiva, os carros importados ficam entre 26% e 30% mais caros com a alíquota de 70%. Para Julianelli, a Fiat e a GM, que anunciaram reajustes abaixo desse índice -entre 8,7% e 12%- estão "subsidiando suas importações".
O presidente da Abeiva disse que as montadoras agora vão poder aumentar o preço dos carros produzidos no país, o que vai "gerar inflação".
Ele prevê que os importadores filiados à Abeiva serão obrigados a dar descontos em seus carros para não ficarem fora do mercado.
As associadas da Abeiva foram liberadas, durante reunião da entidade realizada anteontem, a ir à Justiça contra a decisão do governo de cobrar a alíquota de 70% nos carros embarcados. O Grupo Regino, que representa marcas como BMW e Hyundai, já anunciou que vai recorrer.

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