São Paulo, quarta-feira, 19 de abril de 1995
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Crítica da 'Premiere' reúne seus absurdos

ZECA CAMARGO
EDITOR DA ILUSTRADA

No princípio era Pauline Kael. Depois veio Libby Gelman-Waxner. Autoproclamada como "a crítica mais irresponsável dos Estados Unidos", Libby escreve há cinco anos na revista norte-americana "Premiere", sem dúvida a mais influente daquele país, no que se refere a cinema comercial.
E, para alegria dos seus seguidores, Libby acaba de publicar nos EUA uma coletânea de seus artigos pela editora St. Martin Press.
Personagem "cult" dos leitores da "Premiere" (disponível em bancas importadoras no Brasil), Libby é a símbolo máximo da crítica como opinião pessoal.
"Gosto de cinema e às vezes até de filmes, mas acima de tudo sempre adorei ver o que Kim Basinger vai fazer com seu cabelo para que ele sempre caia na sua boca", escreve Libby na introdução de "If You Ask Me", o título de seu primeiro livro e também o nome da sua coluna na "Premiere".
Libby não é, claro, uma crítica séria. Na verdade, ela nem existe. Segredo durante seus primeiros três anos de existência, sua identidade foi revelada até seu dono ficar famoso demais.
Por trás de Libby Gelman-Waxner está Paul Rudnick, mais conhecido como roteirista de sucessos como a adaptação para o cinema de "Família Addams" e pelo menos uma surpresa teatral no circuito nova-iorquino "off-Broadway", com a peça "Jeffrey".
Este texto recheado de cenas sobre a vida gay ainda não teve uma montagem nacional. Mas você talvez já viu o humor de Rudnick no cinema ou na "Premiere".
Cansado da seriedade com que os críticos de cinema se enxergam, Rudnick criou Libby. Ela já nasceu com personalidade forte.
"Eu olho meus colegas, Siskel e Ebert, Kael (...) e penso: por que eles nunca retornam meus acenos amigáveis nas sessões para a crítica?", pergunta Libby em seu livro para esnobar os outros críticos.
Seu cotidiano e seus valores são da média classe média de Nova York, com fortíssimas referências a consumo, sexo platônico (com atores) e inveja profunda (das atrizes). Assim, o universo de Libby é tão distante dos críticos de verdade que qualquer comentário seu sobre os filmes é automaticamente hilário (leia trecho ao lado).
Mas o mais engraçado é que, mesmo com todos seus exageros, Libby faz muito mais sentido do que algumas críticas mais especializadas -se você quer saber.

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