São Paulo, quarta-feira, 19 de abril de 1995
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Jovens cineastas se consagram no exterior

AMIR LABAKI
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Sete jovens realizadores de audiovisuais brasileiros acabam de ser selecionados por instituições internacionais.
Roberto Moreira, 33, é um dos nove artistas de todo o mundo escolhidos para a turma inaugural da Fábrica, a escola de mídia que o cineasta Godfrey Reggio está fundando em Treviso (nordeste da Itália) para a Benetton.
Já a bolsa audiovisual conjunta das fundações Rockefeller-MacArthur-Lampadia escolheu para financiar neste ano seis projetos de cineastas e videastas nacionais, num total de nove prêmios possíveis para a América Latina.
A representação brasileira é assim exatamente o dobro da emplacada em 1994. Foram selecionados os projetos de Éder Santos, Giba Assis Brasil, Marcelo Tas, Mirella Martinelli, Rita Moreira e Roberto Berliner. As produções em vídeo vão receber US$ 15 mil e as em filme, US$ 35 mil.
"Disseram-me na Fábrica que a produção brasileira foi das que mais se sobressaiu no processo de seleção", explica Roberto Moreira, que foi escolhido por seus filmes curtos ("Amargo Prazer" e "O Cão Louco Mário Pedrosa", entre outros).
Metade dos projetos escolhidos para a bolsa Rockefeller-MacArthur-Lampadia já decolaram. O mais avançado é o do realizador mineiro Éder Santos, que embarca no fim desta semana para Los Angeles para finalizar "Enredando as Pessoas", sua estréia em cinema e em longa montagem.
Também gastando por conta está Mirella Martinelli, que trabalha nas ilhas da baía de Paranaguá levantando a produção de seu antropológico "Terra do Mar", que realiza com Eduardo Caron.
Por sua vez, o videomaker Roberto Berliner já começou a gravar "Cidade Partida", que adapta do livro-reportagem homônimo de Zuenir Ventura sobre o Rio (Companhia das Letras).
Ainda na categoria dos videodocumentários, Rita Moreira prepara "O Outro... Eu", sobre a ascensão do neonazismo no Brasil.
Marcelo Tas vai focalizar em "Spix e Martius - Uma Viagem Pelo Futuro" a expedição pelo interior do Brasil no começo do século 19 dos naturalistas europeus Johanna Baptist von Spix e Carl Frieddrich Phillip von Martius.
Por fim, reafirmando a primazia dos documentários, o gaúcho Giba Assis Brasil ("Verdes Anos") filma em breve "O Povo e em Nome do Povo", em que procura debater o conceito de "povo" hoje no discurso político e eleitoral brasileiro.
Roberto Moreira, paulista formado pela ECA-USP, parte no início de maio para uma estadia de 14 meses no castelo que sedia a Fábrica em Treviso.
Sua primeira tarefa será preparar, ao lado de seus colegas do estúdio de "imagens em movimento", a parte audiovisual da campanha planetária de apresentação do novo projeto de Luciano Benetton e de seu braço direito publicitário Oliviero Toscani.

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