São Paulo, quarta-feira, 19 de abril de 1995
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França faz ameaça de tirar tropas da Bósnia

ANDRÉ FONTENELLE
DE PARIS

A França ameaça retirar seus soldados da Bósnia-Herzegóvina, caso a ONU não dê "garantias de segurança às forças de paz e a trégua na ex-Iugoslávia não seja prorrogada em maio.
Dois soldados franceses foram mortos em Sarajevo, a capital bósnia, no último fim-de-semana. "Não podemos continuar a deixá-los vulneráveis como estão, disse o ministro francês das Relações Exteriores, Alain Juppé.
Paris vai apresentar ao Conselho de Segurança das Nações Unidas um projeto de resolução para aumentar a segurança dos "capacetes azuis (os soldados das forças de paz da ONU) na Bósnia.
Além disso, o governo francês quer a prorrogação do cessar-fogo na guerra civil na ex-Iugoslávia.
Assinada em dezembro, graças à mediação do ex-presidente dos EUA Jimmy Carter, a trégua foi desrespeitada várias vezes. Ela termina em 30 de abril.
É pouco provável que seja prorrogada. O líder dos sérvios da Bósnia, Radovan Karadzic, disse que tomará "todas as medidas necessárias para obter a vitória final contra os muçulmanos, caso não haja solução diplomática.
Entre os oficiais da ONU, poucos acreditam em uma retirada francesa. Não é a primeira vez que Paris faz esse tipo de ameaça.
Após a morte dos dois soldados, as forças de paz estão em alerta. Todos usam capacetes reforçados e coletes à prova de balas. Ainda não se sabe ao certo a origem dos disparos que mataram os dois.
"Não é aceitável que eles sejam alvo das próprias pessoas que protegem, protestou Alain Juppé.
As forças de paz da ONU impedem a extensão da guerra entre os sérvios e os muçulmanos da Bósnia, que já dura três anos.
Desde o início do conflito, 155 "capacetes azuis (33 franceses) morreram na ex-Iugoslávia.
As Nações Unidas têm 23.600 soldados na Bósnia. O maior contingente é francês, com 4.530 soldados, dos quais 2.545 em Sarajevo, sitiada pelos sérvios.

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