São Paulo, quarta-feira, 19 de abril de 1995
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Massacre deixa 62 mortos na Libéria

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Pelo menos 62 pessoas, a maioria mulheres e crianças, foram mortas a facadas num vilarejo da Libéria (oeste da África), informou ontem o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).
Segundo o porta-voz do Unicef Damien Personnaz, o massacre ocorreu no último dia 9 em Yosi (perto de Buchanan, 200 km a sudoeste da capital, Monróvia).
A área é controlada por duas facções guerrilheiras: a Frente Patriótica Nacional da Libéria (FPNL) e o Conselho de Paz Liberiano (CPL). Elas pertencem ao mosaico de grupos que combatem na guerra civil liberiana.
"Há uma dúzia de facções lutando na Libéria. É difícil saber quem está em que lugar. A área (do massacre) é controlada pela FPNL, mas isso não significa que eles sejam os responsáveis, afirmou Personnaz.
A guerra civil começou em 1989, com a desintegração do governo de Samuel Doe, desencadeada pela invasão de rebeldes da FPNL, liderados por Charles Taylor, que vinham da Guiné. O ditador Doe foi morto em 1990.
O país foi então retalhado pelas diversas milícias rebeldes, que representam as diferentes tribos que compõem as etnias liberianas. Na guerra, morreram cerca de 150 mil pessoas e 80% da população liberiana foi deslocada.
Firme em posições extremistas, Taylor rechaçou várias tentativas de negociar a paz. Segundo o Unicef, os guerrilheiros do FPNL são os maiores suspeitos de terem cometido o massacre em Yosi.
Os autores cercaram um grupo com cerca de 200 pessoas em Yosi. "Então disseram que as matariam a facadas. Foi isso o que aconteceu, afirmou Personnaz em Genebra (Suíça).
A visita ao local da chacina não foi autorizada aos representantes das Nações Unidas, que recolheram o testemunho de dez sobreviventes que caminharam até Buchanan (a 45 minutos de distância de Yosi, viajando de carro).
Entre esses sobreviventes, cinco eram crianças. "Uma criança não tinha mais pele no peito. Uma mulher grávida, talvez violada, perdeu o bebê, disse o porta-voz.
Segundo ele, o massacre segue um padrão estabelecido. "Há uns três meses se produziu uma recrudescência de massacres.
Os incidentes estão sendo investigados pela Missão de Observadores das Nações Unidas na Libéria.

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