São Paulo, quarta-feira, 19 de abril de 1995 |
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Por um Cavallo Por um Cavallo Pode-se gostar ou não da política econômica adotada na Argentina desde a posse de Domingo Cavallo como ministro da Economia. Mas nem o mais feroz dos críticos negará uma coisa: o ministro transmite à sociedade a nítida sensação de que há um capitão ao leme -e só um. Cavallo mostra a face nas horas boas, como ao anunciar a inflação anual de 94, estabilizada em 3,9%, índice muito próximo dos que se registraram no Primeiro Mundo. Mas Cavallo toma também a frente da cena quando se trata de conter as más notícias. Foi ele quem desenvolveu exaustivo esforço para conter a sangria decorrente da crise mexicana, que envolveu em um turbilhão infernal todos os chamados mercados emergentes. É o ministro da Economia também que vai ao Congresso, quando se trata de debater reformas no mecanismo de Previdência Social. Ou quando o que está em discussão é um impopular aumento de impostos, como recentemente aprovado, ainda na sequência dos esforços para conter o efeito tequila. É verdade que a estrutura institucional argentina facilita esse papel de solista para seu ministro da Economia. A Constituição só permite a existência de oito ministérios. Apenas um deles é econômico, ao contrário do que ocorre no Brasil em que cada presidente, ao assumir, nomeia quantos ministros lhe apeteçam -vários na área econômica. Não se trata, é óbvio, de propor uma emenda constitucional para que o Brasil também tenha um único ministro da área econômica. Trata-se, sim, de ponderar que o país necessita hoje de um Cavallo, uma voz autorizada para falar, com exclusividade, sobre assuntos econômicos e temas correlatos. É apenas uma questão de vontade política. O que se tem hoje é uma dispersão absurda e contraproducente, que leva os agentes econômicos e a própria sociedade a viver em apreensão e angústia quanto aos rumos da economia. O presidente Fernando Henrique Cardoso teria muito a ganhar se nomeasse logo o seu Cavallo. É preciso deixar claro, o quanto antes, que o barco da economia tem um comandante -e um só. Próximo Texto: Boa vontade Índice |
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