São Paulo, quinta-feira, 20 de abril de 1995
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Ministros decidem fazer pacto de silêncio

WILLIAM FRANÇA
OLIMPIO CRUZ NETO

WILLIAM FRANÇA; OLIMPIO CRUZ NETO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As críticas do ministro Sérgio Motta criaram constrangimento ontem na solenidade do Dia do Exército. Os nove ministros civis presentes -inclusive Motta-, os ministros militares e o presidente interino Marco Maciel fizeram um pacto de silêncio.
Condecorados com a Ordem do Mérito Militar, ninguém quis comentar as críticas do ministro das Comunicações.
A exceção foi o ministro extraordinário dos Esportes, Edson Arantes do Nascimento, o Pelé.
Ele disse que não tinha lido a íntegra das frases do ministro e que achava que as críticas deveriam ter sido apenas "ponderações". Pelé integra o conselho do programa Comunidade Solidária -um dos alvos das críticas do ministro Motta.
"Em três ou quatro meses, as coisas não podem andarem (sic) como a gente quer", disse Pelé. O ministro dos Esportes disse que "o governo é sério". "Não estamos acostumados no Brasil com as coisas sérias", completou.
Pelé disse ainda que não tem como acabar, em quatro meses, com a situação que o Brasil viveu até agora. "O pessoal morrendo de fome nós vamos acabar em quatro meses? Não é assim", respondeu.
O ministro disse que "o povo precisa de um pouco mais de paciência".
Motta ainda tentou puxar conversa com José Serra, do Planejamento, que chegou atrasado e recebeu a medalha fora de hora. O diálogo limitou-se a meia dúzia de palavras monossilábicas.
Logo depois de encerrada a entrega das medalhas, Motta recebeu um abraço do colega Paulo Renato (Educação), um dos que foram criticados por ele anteontem.
"Críticas? Não, nada", disse Paulo Renato. Ele e Motta tentaram conversar algo, mas a presença dos jornalistas os impediu. Motta, então, abriu caminho entre os repórteres, afastando-os com os braços: "com licença".
O ministro-chefe da Casa Civil, Clóvis Carvalho, disse não reconhecer ter havido críticas. "Essa é a nossa posição", afirmou.
Carvalho disse ainda que não tratou das críticas de Motta com FHC. "Ele deve ter a mesma reação quando lê os jornais: Oh!, os romancistas entraram em ação, olha que coisa interessante", disse Carvalho.

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