São Paulo, quinta-feira, 20 de abril de 1995 |
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Calaboca
NELSON DE SÁ
Mas os seus amigos do PMDB, aos quais o ministro pensou estar agradando com as críticas, "divulgaram a fita com as declarações", como mostraram SBT, Bandeirantes, Record, CNT. E lá estava a "masturbação sociológica", em referência ao trabalho da primeira-dama. E o primeiro-amigo teve que ouvir e ver, da voz cavernosa e do semblante azedo de Sérgio Amaral, o porta-voz, na Globo e na televisão inteira: - O presidente considera que o ministro Sérgio Motta deva limitar seus comentários à área da sua competência. Não cabe a um ministro tecer juízos de valor sobre o governo, ou sobre outros ministros. Um calaboca, no ar. Um sucesso Ainda não foi desta vez a descoberta do presidente pela TV americana. Mas a nacional está irrefreável, saltando à sua volta, como em Brasília. Ontem na Globo, não só na Globo, citou-se extensivamente a opinião de todos os que se aproximavam de FHC. Por exemplo, "o jornalista William Buckley Jr. disse que o presidente lhe pareceu um político no melhor sentido da palavra, com perfeito domínio da língua inglesa". A minúcia do "domínio da língua inglesa" dá bem a idéia do provincianismo. Outro detalhe foi a descrição de um discurso do presidente a empresários como um sucesso, no SBT. Para a Globo, FHC "foi aplaudido de pé". Na mesma linha, o almoço com "formadores de opinião" resultou em mais louvores: - O ex-presidente do banco central dos Estados Unidos, Paul Volcker, está satisfeito com o plano econômico do Brasil, que está dando certo, apesar das turbulências que vêm de fora. - Henry Kissinger disse que gostou muito do que ouviu, que todo mundo saiu otimista da conversa, que o Brasil não é o México porque tem mais crescimento econômico, mais estabilidade política. Por fim: - O Brasil será um líder no hemisfério ocidental, concluiu Henry Kissinger. Texto Anterior: FHC manda Motta limitar comentários Próximo Texto: Ministros decidem fazer pacto de silêncio Índice |
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