São Paulo, quinta-feira, 20 de abril de 1995
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Suspeito nega assassinatos em Guarulhos

ANDRÉ LOZANO

A polícia apresentou ontem um dos acusados da chacina de quatro pessoas e de outros dois homicídios ocorridos nos últimos dias 14 e 15 (sexta-feira e sábado) na favela Nova Cumbica, em Guarulhos (20 km de São Paulo).
O metalúrgico Isac Ferreira de Souza, 25, foi preso na madrugada de terça-feira no município de Queimados, na Baixada Fluminense (RJ). Ele negou, em depoimento à polícia, que tenha participado do crime.
"Eu nunca matei ninguém", afirmou Souza, que teve prisão temporária decretada e está preso no 8º DP de Guarulhos. Ele não tem passagens pela polícia.
Segundo o delegado titular da seccional de Guarulhos, Octacílio de Oliveira Andrade, Souza teria admitido, em depoimento informal, que participou da chacina e dos outros dois crimes.
Teria participado dos crimes em companhia de Carlos Alberto dos Santos, o Beto, Pedro Cordeiro Ventura e Antônio Cordeiro Ventura, que estão desaparecidos. A polícia afirma ter pistas dos três acusados.
Em entrevista, Souza afirmou conhecer os outros três acusados e que emprestara seu revólver calibre 38 a Santos.
Investigações na favela levaram a polícia à casa de Beto. Lá, sua mulher entregou a suposta arma usada nos crimes e informou onde Souza estaria escondido -na casa de um tio em Queimados.
Souza afirmou ter "ouvido falar" que as mortes foram provocadas por rixas entre os envolvidos.
Segundo a polícia, cerca de 15 minutos antes da chacina, os quatro acusados teriam matado o proprietário de um bar na favela Francisco de Freitas, 54. No dia anterior, teriam morto, na mesma região, Aldemar Lima de Souza.
Na chacina de sábado à noite foram mortos Gildo Severiano de Araújo, 28, Adenilson Oliveira, 33, Cícero de Oliveira Santos, 29, e Fernando Bispo da Silva, 29.
Eles foram cercados quando carregavam uma geladeira e foram atingidos por 11 tiros disparados de pistolas 380 (calibre intermediário 9 mm).
As outras três chacinas ocorridas nos últimos dias em São Paulo, em Francisco Morato (45 km ao norte de SP), na sexta-feira, no Jardim Peri (zona norte), no domingo, e no Bairro Capivari (extremo sul), na segunda-feira, ainda não foram solucionadas.
Este ano foram registradas 14 chacinas na região da Grande São Paulo, deixando um saldo de 51 mortos.

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