São Paulo, quinta-feira, 20 de abril de 1995
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O vitorioso derrotado

LUÍS NASSIF

Se estivessem na academia, os bravos acadêmicos do governo definiriam o que está ocorrendo com as reformas como uma disfunção cognitiva. As manchetes diárias da imprensa desenham um governo derrotado. As marchas e contramarchas da reforma da Previdência ocupam todos os espaços. Os egos das lideranças governistas são tão grandes que o espaço do Congresso é pequeno para todos.
No entanto, no que interessa -a aprovação das reformas- as teses do governo estão sendo plenamente vitoriosas, segundo concluíram há dias os analistas políticos da Agência Dinheiro Vivo. Enquanto a mídia se ocupava exclusivamente dos problemas da Previdência, os temas da ordem econômica avançaram, graças a um trabalho silencioso, articulado e eficaz do PFL. Que é do ramo.
Nos próximos dias, todas as teses deverão estar aprovadas nas comissões temáticas. E até maio é bem possível que sejam aprovadas no plenário. O PFL sairá como vitorioso, e o governo como derrotado na batalha em que venceu.

Homens públicos - 1
Os constantes rumores sobre montadoras de automóveis que estariam trocando o Brasil pela Argentina têm explicação.
No ano passado, ocorreram rodadas de negociação da tarifa comum do âmbito do Mercosul. Na parte referente à indústria automobilística, os negociadores brasileiros aceitaram exportações irrestritas de veículos argentinos para o Brasil a alíquota zero, enquanto as exportações brasileiras para a Argentina seriam limitadas pelo rígido sistema de cotas argentino.
Os negociadores desse brilhante acordo foram o ex-ministro da Fazenda Ciro Gomes e o assessor especial Winston Fritsch -homem que já tinha negociado seu próprio passe com um banco inglês, antes mesmo de ter deixado o cargo público.

Homens públicos - 2
Autor de operação ruinosa de venda de ações ordinárias da Eletrobrás, denunciada pela coluna -vendeu por US$ 200 milhões lote que alcançaria US$ 2 bilhões numa privatização decente-, o ex-presidente da companhia, José Luiz Alqueres, está trabalhando para o banco Bozano Simonsen. Se a privatização for conduzida por pessoal responsável, doutor Alqueres não conseguirá repetir o lucro que proporcionou ao mercado quando estava do outro lado do balcão.

Homens públicos - 3
Anos antes, o colunista havia denunciado operação semelhante de conversão de debêntures da Telebrás. A denúncia foi repercutida pelo então deputado federal César Maia e resultou na paralisação do processo e na discussão do caso na Justiça.

Sabe-se agora que a Telebrás perdeu a ação porque os advogados responsáveis por ela perderam o prazo de defesa. O ministro Sérgio Motta não pode deixar passar o episódio em branco.

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