São Paulo, quinta-feira, 20 de abril de 1995
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Tributo reúne política e cultura brasileiras

DANIELA ROCHA
DE NOVA YORK

O show em homenagem ao maestro Tom Jobim, realizado anteontem, foi o maior acontecimento musical e político brasileiro já visto em Nova York. No palco, estavam 13 personalidades da música e, na platéia, expoentes do mundo político e cultural.
A importância do evento era nítida já na entrada do Avery Fisher Hall, no Lincoln Center de Nova York. Com ingressos esgotados duas semanas antes do show, o público que queria entrar de qualquer maneira arriscou levar cartazes com a frase "tickets to buy" (compro ingressos).
Os seguranças do local tiveram dificuldades para organizar as filas das bilheterias, uma delas destinada apenas à venda de ingressos de quem desistiu de ver o show.
Meia hora antes do início, essa fila tinha mais de cem pessoas e contornava o saguão.

FHC
O show teve início cerca de 15 minutos após a chegada do presidente Fernando Henrique Cardoso, acompanhado da primeira-dama Ruth Cardoso e comitiva.
Uma aglomeração de pessoas na entrada do Lincoln Center aplaudiu FHC e deu trabalho aos seguranças, ao correr atrás do presidente até a sala de concertos.
O atropelo das pessoas antes do show acabou abafando o lançamento do livro "Visions of Paradise", com sessão de autógrafos de Ana Lontra Jobim, viúva do compositor.
A produção se encarregou de preparar material para o público condizente com o tamanho do evento: programas do show, cartazes, fitas de vídeo -com o filme "Visions of Paradise"- e o livro estavam à venda antes do show e durante seu intervalo, em estandes sempre lotados.
O show começou com a apresentação da cantora Maúcha Adnet e Paulo Jobim, filho do compositor, ao violão.
Todo o início do show teve tom introspectivo. A presença da atriz Sonia Braga para agradecer formalmente a presença de FHC -que mandou um beijo à atriz em resposta e foi aplaudido pela platéia- e anunciar patrocinadores com voz de garota de "reclame comercial" descontraiu o público.
O momento mais controverso foi o protesto de Caetano Veloso contra a ausência de Chico Buarque no show e a sua apresentação da música "Piano na Mangueira", última composição em parceria de Chico e Tom.
A produção do espetáculo não esclareceu se Chico Buarque foi convidado ao show, e o público se dizia indignado pela ausência do compositor.
"Acho impossível terem esquecido do Chico. Foi uma falha não tê-lo aqui", afirmou o designer Richard Seabra, 31, após o show.
A repercussão do show entre celebridades foi muito positiva. "Um show como este vale mais do que dez encontros diplomáticos", disse a produtora cultural Ruth Escobar.
"Vim ver meus baianos e estou saindo muito satisfeito", afirmou o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
Ricardo Othake, ex-secretário estadual de Cultura de São Paulo, se disse impressionado com a qualidade musical do show. "O final foi um grande espetáculo de improvisação."

LEIA MAIS
sobre o tributo a Tom Jobim no caderno Brasil

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