São Paulo, quinta-feira, 20 de abril de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MPB tem seu grande momento após bossa nova

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK

Desde o célebre espetáculo do Carneggie Hall que marcou o início da bossa nova nos EUA há mais de 30 anos não se via show de música popular brasileira da importância do de anteontem no Avery Fisher Hall.
O tributo a Antônio Carlos Jobim reuniu alguns dos melhores representantes da segunda geração de músicos norte-americanos influenciados pelo Brasil, além de celebridades da MPB.
O resultado foi ótimo: apesar de defeitos grosseiros de iluminação e alguns momentos de microfonia, os artistas conseguiram emocionar a platéia e montar um mosaico significativo do trabalho artístico de Tom e dos rumos futuros da relação musical entre Brasil e EUA.

Emoção
Talvez o momento máximo de emoção tenha sido alcançado por Caetano Veloso e Jaques Morelenbaum em "Eu Sei que Vou te Amar", no arranjo famoso gravado por ele acrescido do sublime celo de Morelenbaum.
A pianista brasileira radicada nos EUA Eliane Elias foi responsável por alguns dos melhores momentos de recriação da música de Tom e confirmou que é hoje uma das mais completas artistas de jazz do país.
A única música de outro compositor apresentada na noite foi "Antônio", escrita em sua homenagem e sob sua inspiração por Michael Franks e cantada por ele, em outro momento de grande emotividade.
O produtor musical Lee Ritenour, além de ter contribuído com sua guitarra para engrandecer a noite, merece elogios pela solução balanceada que conseguiu dar à presença de tantos astros numa só apresentação.
Mas o show não escapou de um "suave protesto" de Caetano Veloso, provocado pela ausência no programa de Chico Buarque de Holanda.

Respeito
A platéia demonstrava tensão e respeito contido. O clima era de festa. Mas o medo de atrapalhar a criação artística no palco era tamanho que em nenhum momento os espectadores se arriscaram a cantar junto com os artistas e só uma ou duas vezes se arriscaram a marcar o compasso com palmas.
No geral, quem esteve no Avery Fisher Hall anteontem viu um dos maiores encontros musicais da história da MPB.
Espera-se que vire disco e vídeo para que mais pessoas possam ter acesso a ele.

Texto Anterior: Tributo reúne política e cultura brasileiras
Próximo Texto: Nove filmes resumem história dos 'Cahiers'
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.