São Paulo, quinta-feira, 20 de abril de 1995
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A besta sem rosto

A besta sem rosto
Oklahoma City Estados Unidos. Um carro bomba destrói um prédio federal provocando centenas de feridos e um número ainda indeterminado de mortos, incluindo várias crianças. É o maior atentado de todos os tempos nos Estados Unidos. Em uma onda de pânico, por todo país prédios públicos são evacuados. O terrorismo invade a vida cotidiana dos norte-americanos.
Yokohama, Japão. Um mês depois do atentado no metrô de Tóquio, que matou 12 pessoas e intoxicou centenas, cerca de 400 passageiros de um trem são levados a hospitais, envenenados, em consequência de um outro atentado químico. A população japonesa, desacostumada à violência urbana, começa a sentir medo de sair de casa e não saber como se proteger.
Madri, Espanha. Um carro-bomba destinado, aparentemente, a matar um líder político explode em um bairro residencial provocando ferimentos em dezenas de pessoas.
Tudo isso ontem.
A coincidência temporal dos fatos reúne em um mesmo espanto, em uma mesma dor, vítimas tão distantes: funcionários públicos americanos e seus filhos, cidadãos japoneses, transeuntes espanhóis. Todos agredidos em seu cotidiano por uma violência brutal e incompreensível. Sem rosto, mas com um nome: terrorismo.
Seria inútil tentar relacionar hoje possíveis culpados: islâmicos radicais, fanáticos religiosos, separatistas bascos. Diante de vítimas indefesas, têm idêntica gravidade fatos de magnitude tão diversa: o maior atentado de todos os tempos nos EUA, uma tragédia quase repetida no Japão, mais um ataque de uma sinistra lista na Espanha.
Hoje, é o mundo inteiro que está de luto, e com medo. Medo de uma besta sem rosto, que pode surgir a qualquer hora, em qualquer lugar. Qualquer explicação, política ou social, passa a segundo plano diante de um fato: o terrorismo colhe suas vítimas entre os inocentes. Ao intolerável, soma-se o absurdo.

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