São Paulo, quinta-feira, 20 de abril de 1995 |
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Gols contra O time entrou em campo como favorito, apoiado por uma enorme e entusiástica torcida. Entrou timidamente, é verdade, mas era o início do jogo e -imaginava-se- era possível que desacertos pudessem ser corrigidos, que o técnico pudesse dar coesão à equipe. Porém, para surpresa e decepção dos torcedores -cada vez menos numerosos e entusiásticos-. as trombadas e os desentendimentos prosseguiram. Agravaram-se, aliás, até o ponto em que membros da equipe criticam-se uns aos outros com palavras ásperas e discordam quanto à estratégia básica do jogo. Os resultados perversos dessa situação são evidentes. Um time desentrosado é um time menos eficiente, tem menos chance de sucesso nas suas empreitadas. Suscita todo tipo de desconfiança. Assim, as desastradas críticas do ministro das Comunicações, Sérgio Motta, à área social do Planalto fazem mais do que revelar uma lamentável insensibilidade política e a existência de diferenças internas de abordagem quanto a problemas cruciais do país. Representam mais um desgaste para o governo. As informações de que o vice-presidente, Marco Maciel, teria mandado suspender, com propósitos fisiológicos, a reforma da Caixa Econômica Federal, além de contrariar uma decisão do presidente, representam mais um desgaste para a equipe do governo. A persistente impressão de que José Serra e Pedro Malan não estão trabalhando em perfeita sintonia -seja ou não baseada em fatos concretos- dissemina dúvidas e intranquilidades quanto ao futuro da economia. A sensação de que se protela a definição acerca de quem será realmente o responsável pelas decisões nessa área crucial só agrava a incerteza. E representam, ambas, mais desgaste para o governo. O pior de tudo, porém é que o presidente parece ter-se mantido indiferente a todos esses desgastes, alheio à gravidade da situação provocada pela falta de entrosamento e pelos desentendimentos patentes na sua equipe. A reação vigorosa ao tropeço de Motta soa mais como uma exceção na rotina de um técnico de pouca iniciativa que continua adiando a definição inequívoca de quem será seu capitão. Numa disputa de tamanha importância como a que está em jogo, com tantas dificuldades e adversários naturais, esse é um erro que precisa ser reparado o quanto antes, sob pena de perder a disputa por gols contra. Texto Anterior: A besta sem rosto Próximo Texto: Deixem a língua em paz Índice |
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