São Paulo, sexta-feira, 21 de abril de 1995
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Capitão da Marinha é preso após roubo

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Capitão-de-mar-e-guerra da reserva da Marinha, César da Silveira Couto, 51, foi preso anteontem à noite no Rio, sob acusação de roubar a Parati (placas ZB 1445) da arquiteta Patrícia Brasileiro.
Na 15ª Delegacia de Polícia, na Gávea (zona sul), Couto disse que chefiou os fuzileiros navais na ocupação do morro do Dendê (Ilha do Governador, zona norte).
A favela foi ocupada em novembro, na primeira fase da Operação Rio (criada por convênio anticriminalidade firmado entre governos federal e estadual).
O 1º Distrito Naval confirmou que Couto servia no Corpo de Fuzileiros Navais à época da ação. Ele não participou da ocupação do morro porque exercia funções administrativas.
Em dezembro, Couto teria pedido para ingressar na reserva, após 35 anos na Marinha. Um capitão-de-mar-e-guerra com o mesmo tempo de serviço ganha em média R$ 2.700 brutos (sem descontos).
O posto é o último de oficial superior na Marinha. Corresponde ao de coronel do Exército.
Couto foi preso na Gávea por policiais da 15ª DP (Delegacia de Polícia), alertados sobre o roubo do carro da arquiteta.
Patrícia Brasileiro, 40, afirmou à polícia que estacionou a Parati na rua Major Vaz, na Gávea. Ela disse que estava com os filhos Fernando, 12, e Pedro, 10.
O assalto teria ocorrido depois que Fernando subiu até o apartamento de uma tia. Segundo ela, Couto apontou-lhe uma pistola, obrigou Pedro a descer e assumiu a direção da Parati.
Cerca de 50 metros à frente, ele teria mandado Patrícia saltar. A arquiteta disse que correu até a 15ª DP e pediu ajuda.
Os policiais cercaram a área e localizaram a Parati presa em um congestionamento. Couto foi abordado e teria tentado fugir, mas acabou algemado e preso.
Na delegacia, o oficial disse que três homens o teriam obrigado a roubar o carro. O delegado Tarcísio Ticom, titular da 15ª DP, disse não acreditar em Couto.
"Não dá para entender por que um capitão-de-mar-e-guerra faz uma coisas dessas", disse Ticom, que indiciou Couto por assalto e resistência à prisão.
A Marinha não deu informações sobre o comportamento do oficial. Ticom disse não saber se Couto tem antecedentes criminais.

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