São Paulo, sexta-feira, 21 de abril de 1995
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Grupo mata 3 homens em subúrbio do Rio

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

Um policial civil e dois homens que atuariam como informantes da polícia foram mortos a tiros anteontem à noite em Cordovil (subúrbio da zona norte do Rio).
O crime aconteceu na rua Rio Ápia. Segundo moradores, os três foram metralhados por homens que chegaram por volta de 23h, usando coletes da Polícia Civil.
Os matadores teriam dito serem da DAS (Divisão Anti-Sequestro) e que procurariam o cativeiro de um homem sequestrado.
O tiroteio durou 20 minutos e aconteceu em frente ao número 564, onde funcionava uma oficina mecânica da qual o agente carcerário William Maciel de Souza, morto no crime, era sócio.
Os outros mortos são Paulo Moura e Paulo Sodré de Oliveira. A polícia suspeita que a oficina era ponto de desmonte de carros roubados.
Na oficina foram encontrados um Versailles, várias peças de carros, centrais de computador, aparelhos de fax e secretária eletrônica.
Souza foi citado pelas testemunhas da chacina na favela de Vigário Geral (zona norte), ocorrida em julho de 93.
Ele seria o dono de um galpão onde se reuniu o grupo que matou 23 pessoas na favela. Nada ficou provado e o policial não foi sequer denunciado.
A polícia ainda não conseguiu esclarecer a autoria do crime em Cordovil. A Secretaria da Segurança Pública informou que a DAS não realizou operações em Cordovil anteontem à noite.
Uma linha telefônica alugada pela dona da casa número 595 da rua Rio Ápia aos donos da oficina revela que os matadores tinham alvo certo quando foram a Cordovil.
Eles foram ao número 595, uma espécie de vila com uma casa principal e várias construções de fundo, dizendo procurar o cativeiro de um homem sequestrado.
Invadiram as casas nos fundos, ameaçaram os moradores e espancaram a menor A., dando-lhe uma coronhada no rosto. Depois foram à casa da frente, mas os donos não abriram a porta.
Os moradores desta casa alugaram o telefone a um dos donos da oficina, chamado Ivan. O contrato foi verbal, e o aluguel cobrado, dois salários mínimos.
"Eles mandaram abrir, perguntando pelo telefone e por um homem sequestrado. O telefone está no meu nome, mas não tenho nada com isso. Não abri a porta com medo", disse a proprietária, que preferiu não se identificar.
Quando os homens de colete tentavam entrar na casa, o policial Souza chegava com Moura e Oliveira à oficina num Fiat Tipo azul, com licença de pára-brisas número 25606, e numa moto.
Os dois grupos começaram a trocar xingamentos. Logo depois começou o tiroteio. O policial Souza correu pela rua e foi metralhado.
O galpão da oficina foi lacrado pela Polícia Civil para realização de perícia técnica. Ninguém se apresentou como testemunha na delegacia.
O delegado-adjunto Cláudio Saroldi disse não ter informações mais seguras sobre os mortos e sobre os autores do crime.

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