São Paulo, sexta-feira, 21 de abril de 1995
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Empresários argentinos fazem protesto

SÔNIA MOSSRI
DE BUENOS AIRES

Cerca de 4.000 pequenos e médios empresários argentinos protestaram ontem, no estádio Luna Park, em Buenos Aires, contra a política econômica do governo Menem.
Os empresários, filiados à Came (Coordenadoria de Atividades Mercantis), entidade que reúne associações e federações de pequenas e médias empresas, querem uma moratória de cinco anos para pagamento de impostos e débitos atrasados com o fisco e socorro financeiro do governo para impedir o fechamento de mais estabelecimentos em todo o país.
Moratória é a prorrogação do prazo aos empresários para o pagamento de dívidas.
Nos primeiros três meses do ano, 30 mil pequenas e médias empresas, em grande parte estabelecimentos comerciais, fecharam em todo o país. As vendas registram queda de 40% no período.
O movimento dos empresários recebeu o apoio do Conselho Argentino da Indústria e Confederação Geral da Indústria.
O secretário da Apyme (Assembléia de Pequenos e Médios Empresários), Francisco dos Reis, afirma que o setor "é um dos que mais sofre os efeitos do modelo do ministro da Economia, Domingo Cavallo".
A Câmara de Comércio Argentina divulgou nota também protestando contra a falta de crédito para as empresas. A associação classifica como "sério problema a falta de crédito".
As pequenas e médias empresas argentinas são as mais atingidas pela crise financeira que atravessa o sistema bancário há meses.
Além da falta de crédito, as empresas não conseguem pagar taxas de juros elevadas -chegam a atingir 8% ao mês.
Em campanha para as eleições de 14 de maio, quando disputa um segundo mandato, o presidente Carlos Menem não quer comentar a reivindicação dos empresários.
Menem afirma que este é um assunto do Ministério da Economia. A equipe de Cavallo não vê com simpatia nenhum pedido de moratória porque promove uma campanha nacional para aumentar a arrecadação de impostos.
Além da quase ausência de financiamento para o setor, as pequenas e médias empresas também foram afetadas pelo aumento de impostos adotado pelo governo há cerca de um mês.
A alíquota do IVA (Imposto sobre Valor Agregado) subiu de 18% para 21%. O IVA incide sobre todo tipo de operação comercial.

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