São Paulo, sexta-feira, 21 de abril de 1995
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Evento revive vanguarda paulistana

LUIZ ANTÔNIO RYFF
DA REPORTAGEM LOCAL

Um festival de música que ocorre nesse final de semana e no próximo pretende mostrar a música de vanguarda paulistana feita por novos artistas.
O projeto Sangue Novo reúne dez artistas ainda pouco conhecidos do público paulistano, no Teatro Crowne (r. Frei Caneca, 1360, zona central, tel.: 011/285-4902).
Um dos artistas é o baixista pernambucano Décio Rocha, que costuma inventar os instrumentos que usa. Rocha vai apresentar criações como o rochimbau -uma tábua de madeira com uma lata no meio, sustentando três cordas de violão e tocado com uma vareta com som semelhante ao berimbau).
"A proposta do projeto é abrir espaço para pessoas novas", explica o jornalista Sérgio Castelani, 31, responsável pelo evento.
Embora sejam definidos como "novos", a maioria dos artistas que se apresentarão no Sangue Novo já desenvolve carreira há mais de dez anos.
O guitarrista Tonho Penhasco, da banda Penhasco, é um exemplo. Na década passada ele já tocava com Itamar Assumpção. Ou o guitarrista Paulinho Lepetit. "Conheço há muito tempo. Tocamos juntos em um festival em 78", diz o compositor Arrigo Barnabé.
Junto com o compositor Zeca Baleiro -que também participa do projeto-, Castelani fez uma seleção dos músicos com base em 60 fitas de artistas novos, recolhidas nos últimos dois anos.
"O primeiro critério foi a qualidade, o segundo, a disponibilidade e o terceiro, a novidade", diz Castelani.
Foi através das fitas que ele conheceu o sambista Charlot, o grupo instrumental Samambaia e a cantora Tutti Baê.
Castelani lembra que há outros artistas que não puderam participar dos shows por problema de agenda. Mas ressalta que o importante é mostrar o que há de novo em São Paulo.
Ele reclama que a vanguarda paulistana ainda está associada ao movimento musical que surgiu no final dos anos 70 e começo dos anos 80, que tinha no pelotão de frente artistas como Arrigo Barnabé, Itamar Assumpção, Premeditando o Breque, Rumo e Vânia Bastos.
Castelani afirma que gosta muito do trabalho dessas pessoas, mas que elas não podem ser chamadas de vanguarda depois de 15 anos.
"Não existe gente nova para essa vanguarda? Essas pessoas ainda são as novas? Não tem ninguém novo ou não existe lugar para essas pessoas aparecerem?", pergunta.
E lista poucos lugares onde é possível ouvir músicos novos: Teatro Hall (r. Rui Barbosa, 672, Bela Vista), Café Maravilha (r. Abílio Soares, 165, Paraíso), Armazém Bar (r. Mourato Coelho, 1373, Vila Madalena). "São 'viveiros' da música em São Paulo", diz.

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