São Paulo, sexta-feira, 21 de abril de 1995
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Geração 80 não vê novidade

LUIZ ANTÔNIO RYFF
DA REPORTAGEM LOCAL

O compositor Arrigo Barnabé acredita que depois da sua geração não surgiu nada mais vanguarda na música em São Paulo.
"Eu fazia música dodecafônica (sistema de composição que não segue os princípios da tonalidade musical), erudita, com influência pop. Com aquele grau de informação ainda não surgiu nada", diz.
"Eu sou vanguarda. Não tenho a menor dúvida. Escute 'Clara Crocodilo' (disco de 80). Continua vanguarda", afirma.
O compositor Itamar Assumpção segue a mesma linha. "Não pintou nada na linha da evolução da MPB", diz.
A cantora Vânia Bastos também concorda. "Como movimento forte ainda não surgiu nada que se compare ao Rumo, Premeditando o Breque, Arrigo e Itamar Assumpção", avalia.
"A grande vanguarda brasileira ainda é o Arrigo. Eu me considero uma porta-voz disso tudo porque fui solista da banda do Arrigo durante muito tempo", diz ela.
Itamar ainda se considera novo. "Minha geração é nova. Nosso trabalho não foi descoberto. Estamos fora do mercado. Ainda não cheguei para o povo", diz.
Ele vê nos participantes do Projeto Sangue Novo uma continuação do seu trabalho. Muitos já tocaram com ele. "Viram que podiam fazer música a partir do que eu fazia", afirma.
Arrigo ressalta, entretanto, que vanguarda não é um item de qualidade: "Não é melhor do que o baião. É tudo questão de gosto".
Mesmo assim, ele acha que existe uma crise de renovação na música: "Na área da canção não surgiu nada depois da geração do Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Paulinho da Viola".
"A música é mais profunda e infinita do que esses rótulos", diz Vânia.
(LAR)

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