São Paulo, sábado, 22 de abril de 1995
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Brasil é potência mundial, diz secretário

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O secretário da Defesa dos EUA, William Perry, disse ontem ao presidente Fernando Henrique Cardoso de que seu país não considera mais o Brasil um poder regional, mas sim "uma potência mundial".
FHC afirmou ter recebido a afirmação de Perry "com naturalidade, como a expressão de reconhecimento da importância do Brasil e da atuação responsável do país" na política internacional.
A declaração de Perry foi feita ao final de um café da manhã de Fernando Henrique com vários integrantes do ministério de Clinton, entre os quais a secretária da Justiça, Janet Reno, e o responsável pelo comércio exterior, Mickey Kantor.
O secretário da Defesa entregou ao presidente flâmulas de batalha para homenagear o Brasil pela sua participação com tropas dos EUA durante a campanha do norte da Itália na Segunda Guerra Mundial.
Boa vontade
A retórica de Perry mostra a boa vontade existente no governo Clinton em relação ao Brasil presidido por FHC.
Mas também expressa o desejo dos Estados Unidos de que o Brasil se envolva mais em operações militares internacionais para a manutenção da paz.
Há nos EUA grande oposição à presença de soldados norte-americanos nas missões de paz da Organização das Nações Unidas.
Os conservadores do país acham que essas missões são caras e arriscadas e querem que os EUA não se comprometam mais com elas.
O governo Clinton está buscando "potências regionais", como Brasil e Paquistão, para assumirem esse tipo de tarefa. Os elogios de Perry em grande parte representa a consumação de uma estratégia com esse objetivo.
Malan
O ministro da Fazenda, Pedro Malan, se reuniu à parte com o subsecretário do Tesouro, Larry Summers (o secretário Robert Rubin está fora do país) para tratar das propostas que FHC fez a Clinton sobre a reforma das instituições financeiras multilaterais.
Summers diz ter tido uma primeira impressão favorável das sugestões de FHC para que se adotem medidas de caráter preventivo e de assistência a países, como o México, em dificuldades provocadas pelo mercado financeiro.
Malan e Summers também discutiram fórmulas de se incentivar a entrada no Brasil de capitais norte-americanos destinados a setores até aqui não explorados pela iniciativa privada dos EUA.
O ministro da Justiça, Nelson Jobim, se reuniu com sua colega, Janet Reno, para discutir o problema do tráfico internacional de drogas. O Brasil está se tornando um dos principais "corredores" do tráfico.
Comércio
O ministro das Relações Exteriores, Luiz Felipe Lampreia, se encontrou com Mickey Kantor para começarem a planejar a revisão do comércio entre os dois países, que lhes havia sido encomendada na véspera pelos presidentes FHC e Clinton.
Kantor se recusou a comentar o assunto da tramitação da Lei de Patentes no Congresso brasileiro: "Não vou me envolver em política interna brasileira. Vou continuar trabalhando com o governo FHC para melhorar e ampliar as relações comerciais entre EUA e Brasil", disse.

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