São Paulo, sábado, 22 de abril de 1995 |
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Presidente revê suas teorias da dependência
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
No melhor discurso de sua viagem aos Estados Unidos, FHC fez uma revisão de suas teorias acadêmicas sobre desenvolvimento e dependência da década de 60. "Não vou propor que se ressuscite essa teoria aqui. Ela foi importante, em um certo momento, porque clarificou os limites e as possibilidades do desenvolvimento na América Latina", disse ele. Depois, comparou o mundo de 30 anos atrás com o atual e contrapor os dois às teorias de desenvolvimento da época e de agora. Ele estava em seu ambiente. Cerca de 200 convidados, entre eles alguns dos mais respeitados intelectuais dos EUA, embaixadores de quase todos os países da América Latina em Washington e autoridades do governo Clinton, saudaram o presidente do Brasil com indiscutível boa vontade. FHC disse que desde cedo se convenceu de que é preciso ter "uma paixão pelo possível" para fazer política e que agora gosta de dizer que aprecia as "utopias realísticas" para mudar a realidade. Apesar de ter distribuído aos presentes um texto, elaborado em sofisticada linguagem sociológica, com citações de Max Weber e referências ao marxismo, FHC falou de improviso. O encontro foi promovido por quatro das mais importantes instituições acadêmicas de Washington: a Brookings Institution, o Center for Strategic and International Studies, o Carnegie Endowment for the Peace e o Inter-American Dialogue, do qual FHC foi diretor durante anos. O almoço de FHC foi no Clube Nacional de Imprensa. Ali, o presidente disse que, embora não se considere jornalista, ele iniciou sua atividade política como colunista do jornal alternativo "Opinião" e depois de "um importante jornal brasileiro" (a Folha). Ali, também, o presidente falou de improviso. "Conversar livremente com jornalistas é sempre um grande perigo, mas eu gosto de enfrentar desafios", disse. Na apresentação inicial, disse que "o verdadeiro milagre brasileiro é a democracia". Fez vários elogios à atuação da imprensa no Brasil -como em quase todos os pronunciamentos nos EUA. Insistiu na tese de que as reformas que ele propõe ao país levam tempo para se realizar e que o Congresso vai acabar aprovando todas elas. Muitas das perguntas que recebeu colocavam em dúvida a adesão parlamentar a elas. "Reformar é um processo, não a expressão de um desejo. As reformas precisam ser absorvidas pela população. Temos que repetir e repetir para o país a sua importância", afirmou FHC. As perguntas que recebeu abordaram vários assuntos, entre eles criminalidade no Rio ("não sei se há mais crimes no Rio do que em Washington") e bancos estaduais ("é preciso intervir e privatizar os que tiverem problemas"). Cerca de 250 jornalistas, a maioria correspondentes de jornais regionais norte-americanos e de meios de comunicação latino-americanos, pagaram US$ 25 cada para almoçar com FHC. (CELS) Texto Anterior: Brasil é potência mundial, diz secretário Próximo Texto: Professora pede "justiça" Índice |
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