São Paulo, sábado, 22 de abril de 1995
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Prédio explode e quatro morrem em SP

DA REPORTAGEM LOCAL

Pelo menos quatro pessoas morreram e 17 ficaram feridas ontem em uma explosão no Bar e Restaurante Santa Cruz, na rua Domingos de Morais, Vila Mariana (zona sul de São Paulo).
A explosão ocorreu às 9h25 e foi provocada por vazamento de gás. Em cima do restaurante funcionava uma pensão para homens, que foi totalmente destruída. Cerca de 40 pessoas dormiam no local. Pelo menos oito saíram ilesas. Os bombeiros deveriam continuar o trabalho de resgate durante toda a noite, mas acreditam que se houver mais alguém sob os escombros, está morto.
Uma loja de lingerie, um consultório dentário, um estúdio de um fotógrafo e parte do Banco América do Sul foram destruídos.
Um dos mortos foi identificado apenas como Pedro. Ele era cearense, trabalhava como garçom e morava na pensão havia seis meses.
O segundo corpo encontrado, às 16h20, era de José Bento de Lima, 29. Ele era pernambucano e morava na pensão havia oito anos. O terceiro morto, retirado às 18h35, foi identificado como Milton e trabalhava como garçom.
Os bombeiros resgataram ainda à noite o corpo do fotógrafo Goro Kikaua, 65. Dez parentes seus passaram o dia todo no local à espera de notícia.
Dois carros que estavam parados no semáforo em frente ao prédio foram destruídos. Um dos passageiros, Jaime Nascimento, levou 14 pontos no pescoço.
Em depoimento à polícia, a mulher do dono do restaurante, Guiomar Rodrigues Rocha, 40, confirmou que o marido, Carlos Martins de Souza, 40, estocava botijões de gás no subsolo do restaurante.
Souza é dono do restaurante há dois anos. Ele não foi à delegacia para prestar depoimento ontem. Seu advogado disse que não sabia onde ele estava, mas prometeu apresentá-lo até segunda.
O delegado Armando Novaes, titular do 16º DP (Vila Clementino), abriu inquérito para apurar as mortes. Souza será indiciado quando se apresentar e poderá ser condenado por homicídio culposo.
O diretor do Contru (Departamento de Controle e Uso de Imóveis), Carlos Alberto Venturelli, disse que o vazamento de apenas um dos botijões seria suficiente para provocar a explosão.
Ele não soube dizer qual foi a última fiscalização feita no local. Venturelli afirmou que o restaurante havia recebido uma multa nos últimos dias provavelmente por falta de higiene.
Segundo ele, o vazamento de gás pode ter ocorrido sem que fosse detectado. Venturelli afirmou que uma pesquisa do Contru detectou que 40% dos butijões em todo o país têm problema de vazamento e 33% dos acidentes envolvendo gás em São Paulo ocorrem devido ao vazamento no recipiente.
O prefeito em exercício Sólon Borges dos Reis esteve no local e determinou a criação de uma comissão municipal para apurar responsabilidades sobre a explosão.
O governador Mário Covas também visitou o local "apenas dar apoio aos bombeiros que procuravam mais vítimas". "O resto será feito a seu tempo", afirmou.
Os prédios ao lado do restaurantes foram interditados pela administração Regional de Vila Mariana. Vizinhos disseram que o estouro foi tão forte que os prédios próximos tremeram.
Segundo a administração regional, os prejuízos são de pelo menos R$ 400 mil.

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