São Paulo, sábado, 22 de abril de 1995
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Piora avaliação da pós-graduação

PAULO SILVA PINTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Erramos: 29/04/95
No quadro da reportagem "Doutorado nota A cai de 73% para 66%", publicado em Cotidiano dia 22/5, faltou incluir os cursos da Escola de Enfermagem da USP entre os que obtiveram nota A em mestrado e doutorado.
Piora avaliação da pós-graduação
Diminuiu o número de cursos de pós-graduação considerados excelentes pela Capes (Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior).
Essa é a conclusão da última avaliação de todos os cursos de pós-graduação brasileiros. A Capes faz este levantamento, a cada dois anos, há duas décadas.
Ao todo, foram avaliados 1.061 mestrados e 527 doutorados do país. Apenas seis casos ainda estão sendo reexaminados.
A Folha teve acesso à lista de notas que os cursos receberam (leia no quadro os que foram considerados melhores).
O número de cursos com notas A e B (a avaliação vai de A até E) diminuiu em relação aos resultados de dois anos atrás.
A avaliação levou em conta a produção acadêmica de 1992 e 1993. Receberam nota A 66% dos cursos de doutorado. Na avaliação de 90 e 91, foram 73%.
O doutorado exige, teoricamente, que o estudante, além de ser aprovado nas disciplinas, produza um trabalho científico (tese) que apresente conclusões inéditas.
No mestrado, o trabalho final não precisa, necessariamente, apresentar uma abordagem inédita. Na última avaliação, 64% dos mestrados receberam nota A ou B -contra 69% há dois anos.
USP na frente
A instituição com o maior número de notas A continua sendo a USP (Universidade de São Paulo). Tem 70 doutorados com avaliação máxima, 38% de todos que tiveram este conceito no país.
Mas esse número está bem abaixo dos 113 doutorados que conseguiram nota A na avaliação anterior -uma queda mais acentuada do que a das outras instituições.
O reitor da USP, Flávio Fava de Moraes, acha que a qualidade da pós-graduação da USP não diminuiu. Para ele, a avaliação da Capes é que pode ter se tornado mais rigorosa, "o que é louvável".
Fava cita outros critérios para demonstrar a eficiência da USP: a universidade formou no ano passado 816 doutores, metade do que o país todo produziu.
"Se estivéssemos nos EUA também seríamos a primeira universidade em número de doutores formados", afirma. Nos EUA, o recorde é da Universidade da Califórnia em Berkeley, de onde saíram 806 doutores em 94.
A diferença é que a distribuição entre as instituições é muito mais equilibrada: lá foram formados 20 mil doutores em 94.
Segundo o ISI (sigla em inglês para Instituto para a Informação Científica, dos EUA), o número de artigos de brasileiros em publicações científicas internacionais cresceu 50% nos últimos dez anos.
Entre os cientistas da USP, segundo Fava, houve o mesmo crescimento, o que indica, na sua opinião, que não houve queda na qualidade acadêmica.
"Participei da avaliação da Capes em anos anteriores. O que nós estávamos achando no meio científico é que essa avaliação estava ficando meio frouxa, distribuindo nota A demais", diz o reitor.
Não houve mudanças nos critérios da Capes para a avaliação, mas os consultores da fundação, que são cientistas, podem estar mais exigentes, defende o presidente da Capes, Abílio Baeta Neves, 45 (leia texto nesta página).
Para ele, a mudança nos resultados indica que os patamares desta avaliação se balizaram em metas superiores.
"A comunidade científica brasileira está se aproximando de padrões internacionais, isso mostra que a avaliação da Capes funciona", afirma Neves.

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