São Paulo, sábado, 22 de abril de 1995
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Peça é prejudicada pela qualidade do texto

<UN->MÔNICA RODRIGUES COSTA
EDITORA DA "FOLHINHA"

Peça é prejudicada pela qualidade do texto
"Circotrilho-Circulô", com texto de Solange Dias e direção de Cristiane Paoli Quito, é uma representação dos atores do circo, que levavam a vida com os pés na estrada, de cidade em cidade.
Essa representação acontece em um picadeiro, com lona e arquibancada, em que o foco cênico central é um trem circulando.
Cada personagem tem um tipo especial. Vestem as roupas dos clowns, somadas às suas especialidades. Os sete têm narizes de palhaço e carregam no corpo suas vestimentas típicas.
Os melhores exemplos são a mágica e voadora Juca Pinduca (Juliana Gontijo), com objetos escondidos no corpo, e a malabarista e adestradora Falini Fênix (Graziella Moretto), que sapateia como se estivesse cavalgando.
A característica do personagem principal (de nome esquisito), Daviduardo Davidaduvida (Davi Ta Iu), é questionar a existência de Deus enquanto faz uma ginástica livre pelo palco..
Daviduardo fica como que falando sozinho e fazendo perguntas, aos outros e a si mesmo, do tipo "Deus existe ou não? Eis a questão". E afirmando coisas como "Deus, caríssimos irmãos, atua através das imperfeições da natureza".
A brincadeira ou citação da dúvida de Shakespeare não tem força dramatica. Não é trágica, como no contexto original. Também não consegue ser cômica, gênero pretendido por "Circotrilho", mas pouco alcançado.
Uma criança na platéria reclamou que "eles só ficam falando de Deus". As atrizes mais engraçadas e com os melhores papéis são as que fazem Juca Pinduca e Falini Fênix.
O que faz um bom espeáculo é um texto com mensagens bem construídas. Ainda que o espetáculo seja interpretado por atores talentosos, se tiver texto inadequado, não vai tocar o espetáculo. É o caso de "Circotrilho".

Peça: Circotrilho-Circulô
Direção: Cristiane Paoli Quito
Elenco: Davi Ta Iu, Graziella Moretto, Juliana Gontijo e outros.
Onde: Centrinho do Centro Cultural São Paulo (r. Vergueiro, 1.000, tel. 277-3611)
Quando: sábados e domingos, às 16h
Quanto: R$ 4

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