São Paulo, sábado, 22 de abril de 1995
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Fernanda Abreu faz mixagem em Londres

Cantora trabalha com Soul II Soul

ROGÉRIO SIMÕES
DE LONDRES

A cantora Fernanda Abreu, 33, acredita que encontrou para o seu terceiro disco a fórmula ideal, o que ela sempre quis fazer em termos de dance music.
Depois de dois discos solos, em que tipos diferentes de som dançante foram experimentados, ela lança em junho "Da Lata", referência, entre outras coisas, à antiga gíria que significava "da melhor qualidade".
O disco foi produzido por Liminha e por Will Mowat, membro do grupo Soul II Soul, também responsável pela vinda de Fernanda a Londres para a mixagem do álbum no estúdio do grupo.
Depois de um mês na capital britânica, Fernanda Abreu falou, em entrevista à Folha , sobre a evolução de seu trabalho e a importância do Rio de Janeiro como tema de muitas de suas músicas.

Folha - Como foi dividido o trabalho de produção do disco?
Fernanda Abreu - Eu estava Rio e recebi um fax do Will Mowat, tecladista e programador musical do Soul II Soul. Ele disse que queria entrar em contato comigo, dizendo que gostou muito do disco que havia comprado quando o Soul tinha se apresentado no Brasil. Depois falou que tinha interesse em trabalhar comigo.
Quando chegou na hora de fazer meu novo disco, já que o Liminha já ia fazer a outra parte do trabalho, eu achei por bem vir para Londres com as músicas que eu queria que o Mowat produzisse. Trouxe quatro músicas e fizemos uma pré-produção em outubro. E foi bem legal. Eu comecei o disco com o Liminha, fizemos seis músicas, e depois ele chegou e gravamos lá no Rio mais quatro.
Folha - Há um espaço de três anos desde o lançamento do seu último disco. Houve alguma mudança em sua música?
Fernanda - O primeiro disco apontava para várias direções, tinha house, tinha disco, alguma coisa mais rap. Era porque eu queria fazer um primeiro disco radical, dance. Um apanhado das coisas que eu gostava na época.
No segundo disco já teve uma definição maior. Para o terceiro, senti que queria arrumar uma maneira de inventar. Estou tentando e acho que eu estou chegando cada vez mais perto disso, que é essa mistura, uma música dançante, universal, mas com sotaque do Rio de Janeiro.
Folha - Outras pessoas no Brasil, como Lulu Santos, estão entrando no caminho da dance music. Você acha que isso é uma consequência da abertura que você deu nesse tipo de música?
Fernanda - Acho que é uma consequência sim, porque acho que eu fiz dois bons discos sobre isso. Realmente houve uma abertura neste mercado, mas que eu não consegui consolidar, porque não é uma coisa que você consegue em um ano, dois anos. E é legal que outros artistas façam isso bem e que esse mercado cresça.
Folha - Você acha que hoje a dance music já estaria superando o rock no Brasil?
Fernanda - Ainda não. Eu espero que cresça bastante, mas nos grandes eventos, como Hollywood Rock, ainda impera o rock. A noite que eu cantei no Hollywood Rock foi legal, com Jorge Ben Jor, mas se você for ver, o Sepultura tem o triplo do público.
Folha - O Rio de Janeiro, desde a batata frita da Blitz até "Rio 40 Graus", continua um tema forte para você.
Fernanda - O Rio de Janeiro é uma cidade de braços abertos, em relação à música e a todos os brasileiros. E eu não tenho esse negócio de bairrismo e as pessoas não têm isso comigo. "Rio 40 Graus" estourou primeiro em São Paulo, tocou dez vezes mais em São Paulo do que no Rio.
Folha - Você pensa em remixar suas músicas e lançar algumas delas em singles?
Fernanda Abreu - Eu vou escolher um single deste disco para lançar e quero escolher as pessoas que vão fazer o remix.

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