São Paulo, domingo, 23 de abril de 1995 |
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Jovens são o principal alvo em chacinas
ANTONIO ROCHA FILHO; MARCELO GODOY; VINICIUS TORRES FREIRE
Esse tipo de crime está se transformando no novo fenômeno de violência da periferia e das cidades da Grande São Paulo. A média mensal de chacinas subiu 62% de 94 para 95: pulou de 2,33 casos em média por mês no ano passado para 3,75 este ano. O aumento fez o governo do Estado criar na última quinta-feira uma coordenadoria especializada na investigação desses casos. A Folha consultou cerca de 1.600 páginas de inquéritos policiais. Visitou 39 locais relacionados com os crimes, em cinco cidades diferentes. Conversou com 92 pessoas -sobreviventes e acusados, seus parentes, vizinhos e policiais. A reportagem descobriu, por exemplo, que bandos do Jardim Tupi (zona sul de SP), se matam por controle de território, numa guerra que já deixou sete mortos desde dezembro de 1994, três em chacina. Os crimes, porém, não envolvem drogas ou roubos. Começaram com um crime passional. Um rapaz assassinou um integrante da gangue rival para ficar com a namorada dele. A Folha ouviu também a história da dona-de-casa Ivone Silva de Araújo, 54, que já perdeu quatro de seus cinco filhos homens e um neto em chacinas e supostos tiroteios com PMs. Ou a do estudante V.J.F, 15, que está com as pernas paralisadas após levar seis tiros porque presenciava uma chacina. Outra menor, A.S.P., 15, contou como foi baleada cinco vezes, ameaçada de morte e como vive hoje escondida no interior do país por ter testemunhado a chacina que matou seu irmão, a namorada dele e um amigo de 12 anos. LEIA MAIS Sobre chacinas na Grande São Paulo nas págs. 3 a 6 e 7. Próximo Texto: Lei não é clara para filhos de brasileiros nascidos no exterior Índice |
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