São Paulo, domingo, 23 de abril de 1995 |
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Comércio do interior paulista perde o fôlego
MÁRCIA DE CHIARA
As medidas anticonsumo adotadas pelo governo, a incapacidade do consumidor de liquidar suas dívidas e a baixa rentabilidade dos produtos agropecuários se encarregaram de frear o ritmo dos negócios, dizem os lojistas. Em Bauru (345 km a noroeste de São Paulo), por exemplo, as consultas ao SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) e ao Telecheque -termômetros de vendas a prazo e à vista, respectivamente- recebidas pela associação comercial cresceram 2,9% na primeira quinzena de abril sobre o mesmo período de março. Na primeira quinzena de março sobre fevereiro, houve aumento de 5% e nas duas primeiras semanas de fevereiro a alta foi de 26,7% sobre janeiro. "Estamos parando aos poucos", diz Walace Sampaio, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Bauru. O quadro é semelhante em Barretos (438 km a noroeste de São Paulo). Na primeira quinzena de abril houve queda de 2,5% nas consultas ao SPC e Telecheque frente ao período de março. "Os pecuaristas estão segurando o boi para o abate para obter uma melhor remuneração. Isso afeta o comércio em geral", diz Paulo Juliani, economista da associação comercial. A pecuária de corte é a base da economia local. Natale Dalla Vecchia, sócio-diretor da rede Cem, com 44 lojas no interior de São Paulo, diz que até o dia 19 de abril as vendas da rede foram 9% menores do que as no período em março. "O fato de termos começado a exigir uma entrada no crediário espantou o consumidor", diz Dalla Vecchia. Mas quem comercializa eletroeletrônicos, vestuário e alimentos em cidades como São José do Rio Preto, Bauru ou Rio Claro não tem do que reclamar: hoje as vendas são de 30% a 100% maiores do que em abril de 1994. O Magazine Luiza, com 51 lojas no interior de São Paulo e Minas Gerais, fatura hoje 90% mais do que em abril de 94. "O volume de negócios em abril está semelhante ao de março,", diz Eldo Moreno, diretor comercial. A revenda veículos Vané (GM), de Ribeirão Preto (319 km ao norte de São Paulo), vendeu, até o dia 19, 50 automóveis, o mesmo volume de março. Para o mês que vem, os lojistas do interior apostam em um repique do consumo por conta do Dia das Mães e do novo salário mínimo. Os salários estão mais fortemente atrelados ao mínimo no interior do que na capital, lembra o economista Nelson Barrizzelli, da Universidade de São Paulo (USP). "A diária do bóia-fria está baseada no mínimo." O consumo na capital, após a desaceleração de março, voltou a dar sinais de força em abril. Texto Anterior: Lucro de empresas mexicanas sofre queda de 85,4% durante 94 Próximo Texto: Vendas crescem menos em Campinas Índice |
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