São Paulo, domingo, 23 de abril de 1995
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Incógnitas

DEMIAN FIOCCA

Estão colocadas três questões difíceis de responder. Como recuperar o atraso das tarifas públicas, como tirar o atraso cambial e como pagar a conta dos juros estratosféricos que o governo mantém atualmente.
Todas essas pendências terão de ser enfrentadas cedo ou tarde. E todas elas pressionam a inflação. Mantidas as atuais taxas, o pagamento dos juros da dívida federal será provavelmente o maior item de gasto do governo. E, dadas as limitações orçamentárias, pode-se dizer que ele será também a maior fonte de déficit público.
O atraso de tarifas -usado também em outros períodos como instrumento de contenção artificial dos preços- deteriora mais as contas do setor público. Além disso, reduz-se a capacidade de investimento das estatais. A falta de infra-estrutura pode limitar a produção. E a menor oferta de produtos é um foco potencial de inflação.
O atraso cambial, finalmente, gera desequilíbrio nas contas externas e pode resultar em forte pressão inflacionária se, com a perda de reservas, a capacidade para importar vir a ser drasticamente reduzida.
Face a esses problemas, as reformas pretendidas pelo governo parecem fora de foco. Por maiores que viessem a ser, as privatizações não alcançariam os cerca de R$ 40 bilhões que custarão os juros da dívida federal só este ano, se mantidas as taxas atuais. Os possíveis investimentos externos tampouco compensam a sangria de dólares que decorre das importações e da fuga de capitais.

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