São Paulo, domingo, 23 de abril de 1995
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Testando a banda

LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS

A cotação do dólar quase atingiu, na quinta-feira, a banda superior fixada pelo Banco Central para intervir no mercado. No final do dia, houve uma pequena acomodação. Mas ninguém tem dúvida de que nesta semana poderemos ter a necessidade de uma nova intervenção do BC, vendendo ao mercado dólares de sua reserva na ponta superior da banda.
Depois dos dias tormentosos de março, o mercado vinha trabalhando pelas próprias pernas. A procura por dólares pelos importadores e para fazer frente às remessas financeiras para o exterior vinha sendo atendida pela venda dos exportadores e entrada de capitais externos.
Além disto, os bancos autorizados a operar em câmbio reduziram suas carteiras, atuando como vendedores líquidos da moeda. Com isto, o mercado manteve as cotações oscilando entre R$ 0,88 e R$ 0,92.
Mas o volume de importações se mantém e a remessa para o exterior não diminui. Considerando uma média móvel das importações em 23 dias úteis, passamos de US$ 4 bilhões em março para mais de US$ 4,4 bilhões em abril.
É certo que as vendas de dólares pelos exportadores também está alta, acima de US$ 5 bilhões (média móvel de 23 dias). Mas o saldo tem sido insuficiente para compensar a saída líquida de capitais.
Portanto, é muito provável que o Banco Central seja obrigado a cobrir a diferença. Aliás, os números em abril, considerando-se o elevado volume de operações de antecipação financeira de exportações, apontam para novo déficit, quando medido ao nível do comércio físico nos portos.
Alguns analistas mais otimistas acreditam na reversão deste quadro, com dois argumentos. O primeiro é que está encerrado o ciclo de remessas de dividendos pelas multinacionais. O segundo considera que o elevado volume de importações dos últimos dias representa antecipações de compras futuras e que logo os valores cairão. Façam suas apostas.

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