São Paulo, domingo, 23 de abril de 1995 |
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Mercado provoca distorções nos salários
DENISE CHRISPIM MARIN
Diferenças regionais, de sexo e o poder de barganha das categorias sindicais também colaboram para acirrar as disparidades -assim como as 16 políticas salariais outorgadas pelo governo desde 1980. A recente greve dos professores da rede estadual de primeiro e segundo graus de São Paulo escancarou ainda mais a questão. Os grevistas -profissionais com formação superior- reivindicam piso salarial de R$ 210 por mês para jornadas de trabalho de 20 horas semanais. Hoje, o patamar mínimo mensal é de R$ 141. A desvalorização de profissionais com formação superior em relação a outros, com escolaridade média e baixa, é uma das distorções mais gritantes no país. Segundo pesquisa da consultoria Hay do Brasil, o salário médio de um encarregado de manutenção mecânica é de R$ 2.600. Esse valor é o dobro do que recebe um engenheiro químico júnior (R$ 1.270), proveniente de boas universidades e com dois anos de experiência. Trata-se de um círculo vicioso. Áreas valorizadas atraem maior número de estudantes que, uma vez formados, alimentam a concorrência pelas vagas nas empresas. Os salários, consequentemente, entram em declínio. Foi o que aconteceu com engenheiros entre as décadas de 60 e 70. Em seguida, com os homens de vendas e de informática. Movimento contrário pode ser notado com técnicos e operários qualificados, formados em cursos profissionalizantes ou treinados pelas próprias empresas. São cada vez mais raros no mercado. "Trata-se da valorização pela escassez de mão-de-obra preparada", afirma Michael Fitzgibbon, 43, diretor da Hay do Brasil. Segundo Sérgio Amad Costa, 37, sócio-diretor da Trevisan Auditores, também é comum a diferenciação de salários por sexo -embora proibida por lei. "Cerca de 40% das mulheres recebem salários menores que os de homens que exercem a mesma função." Próximo Texto: Físico ganha pouco mais que supervisor Índice |
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