São Paulo, domingo, 23 de abril de 1995
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Milutinovic afirma que falta dinheiro ao futebol dos EUA

RODRIGO BERTOLOTTO
DA REPORTAGEM LOCAL

O sérvio Bora Milutinovic, técnico dos EUA na Copa 94, afastado do cargo há uma semana, está desiludido com o futebol no país.
Segundo ele, os norte-americanos são muito tradicionalistas para, de uma hora para outra, popularizarem o futebol.
"Um campeonato profissional é a última chance para o esporte no país", disse Milutinovic.

Folha - Qual é o futuro do futebol nos EUA?
Milutinovic - O futebol sempre vai ficar atrás do basquete, futebol americano, beisebol e do hóquei.
Folha - O esporte foi só uma moda, que surgiu nos anos 70, com a chegada de Pelé, Beckenbauer e Cruyff?
Milutinovic - Os Estados Unidos são um lugar muito especial. Aqui, surgem esportes do dia para a noite, fazem furor e desaparecem. Isso aconteceu com o futebol. Houve um destaque para o futebol na época porque havia estrelas de primeiro nível.
Folha - Por que isso acontece?
Milutinovic - No fundo, o americano é muito tradicionalista.
Folha - Depois da Copa, houve um impulso na popularidade do futebol nos EUA?
Milutinovic - O campeonato foi transmitido para todo o país. Surgiram muitos aficionados entre os jovens, mas eles não têm chance de se desenvolver.
O público americano não tem paixão pelo futebol e, sem emoção, não há dinheiro.
Não existindo estímulo financeiro, não há os praticantes.
Enquanto não houver um torneio de futebol, é difícil pensar que haverá um melhor futuro.
Folha - O campeonato a se iniciar em 96 é a sua esperança?
Milutinovic - Esta é a última chance para o esporte no país. Ainda não sei como vai ser o torneio. Tudo está em ponto morto.
Folha - O destino do futebol nos EUA seria diferente se tivessem vencido o Brasil na Copa?
Milutinovic - Derrotar o Brasil era um sonho. Perdemos para a melhor equipe do Mundial.
Folha - Como foram os quatro anos como técnico dos EUA?
Bora Milutinovic - Foi uma experiência inesquecível. Trabalhei com atletas que tinham a ambição de mostrar que sabiam jogar.
Folha - Como é seu relacionamento com Alan Rothenberg?
Milutinovic - Ele é um excelente dirigente. Saí por pressão de diretores da federação. Se fosse por Rothenberg, eu ficaria.
Folha - Você vai treinar uma equipe do campeonato?
Milutinovic - Agora não estou pensando nisso.

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