São Paulo, domingo, 23 de abril de 1995
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Palmeiras entra como touro enfurecido

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Depois da desclassificação na Copa do Brasil, diante do Grêmio, em casa, mesmo com dois jogadores a mais, o Palmeiras entra como um touro enfurecido na arena, digo, no campo, esta tarde, para investir com tudo sobre o São Paulo.
Se esta imagem for verdadeira, o Palmeiras está a pique de provocar um autodesequilíbrio desnecessário e extremamente perigoso.
Digo isso porque estou convencido de que o Palmeiras se desclassificou diante do Grêmio, na véspera, quando ouvi na rádio Jovem Pan uma entrevista cheia de ressentimentos de Roberto Carlos, como consequência das provocações feitas dias antes pelos gremistas. Eram gozações até infantis para serem levadas a sério por um time tantas vezes campeão e com tão ilustre e experiente elenco como o Palmeiras. Mas funcionou, e os palestrinos caíram de quatro na armadilha gremista.
Ora, como o tricolor é, hoje em dia, o mais odioso inimigo do Palmeiras, é bem possível que o espírito revanchista se desdobre esta tarde. Nada mais letal, contra um time que tem como arma principal o contragolpe veloz nos pés de Juninho e Bentinho.
Partir com tudo sobre o São Paulo, numa tática de esmagamento, pode liquidar o jogo de cara, mas também pode virar o fio da navalha.
Já o tricolor, parece que vai repetir o time que bateu a Ponte por 4 a 1, na quinta, o que significa um grande avanço, desde que seus maiores problemas nesta temporada advêm exatamente do fato de que sua escalação se altera de rodada à rodada, um veneno para a harmonia da equipe.
Contudo, insisto que este é um jogo típico para Catê explorar os avanços de Roberto Carlos. Ou, pelo menos, contê-lo lá atrás. Mas isso implicaria Telê abrir mão ou dos lançamentos de Sierra, que começa a dar sinais de adaptação, ou da ajuda de Aílton à lateral esquerda, desertada pelas contusões de André e Ronaldo Luís.
É a velha história do cobertor curto.

Na semana passada, um repórter do jornal "O Dia", do Rio, me ligou para saber detalhes sobre o programa "Na Linha do Gol", que estreou na quinta. Por mera curiosidade, ao final da entrevista, perguntou qual o meu time do coração.
Respondo agora: meu coração balança entre Milan e Ajax, que disputarão a final européia. Balança mais para o Ajax, que meteu 5 a 2 no Bayern de Munique, em um dos mais belos espetáculos que o futebol me reservou nos últimos anos.
É uma delícia ver esse time em campo, movendo-se com inteligência, habilidade e sempre em direção ao gol inimigo. Mais da metade da equipe é composta por crioulos, quase todos da comunidade holandesa. As exceções são os nigerianos Finidi e Kanu. Os holandeses são de uma nobreza africana, do veterano e maestro Rijkaard ao novato Kluivert, que, nesse passo, será o sucessor de Gullit.

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