São Paulo, domingo, 23 de abril de 1995
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Terrorismo assume uma nova máscara

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

As bruxas do terrorismo andaram soltas na última quarta-feira. "Eu estava acostumado a ver sangue, mas não a me deparar com pedaços de coração de crianças", disse Steve Gullet, especialista em resgatar vítimas sob escombros.
Ele foi chamado às pressas ao edifício Alfred Murrah, que abrigava escritórios do governo federal em Oklahoma, cidade de 440 mil habitantes vitimada pelo maior ato terrorista da história dos EUA.
Passava pouco das 9h quando uma caminhonete explosiva foi detonada diante do prédio, abrindo um buraco de 2,5 metros de profundidade e matando um número ainda indeterminado de pessoas.
No mesmo dia, em Madri, um outro veículo, um Fiat negro com 25 quilos de explosivos, explodia às 8h quando da passagem de José Maria Aznár, líder do Partido Popular e provável futuro primeiro-ministro da Espanha.
Ainda quarta-feira, no Japão, cerca de 500 pessoas eram intoxicadas por um gás lançado por terroristas num trem e em plataformas da estação ferroviária central da cidade litorânea de Yokohama.
A ETA defende a autonomia política do País Basco, região com cultura e língua próprias, localizada entre a França e a Espanha.
Quanto aos demais grupos, eles são possivelmente recém-chegados a essa forma de guerra que consiste em criar tensão ao tomar como alvo vítimas inocentes.
Desde a segunda metade do século 19, o terrorismo tem sido uma das táticas de agrupamentos com que possuem como finalidade a conquista do poder político.
Os recém-chegados ao clube desconhecem esse balizamento. Escapam ao antigo confronto da Guerra Fria e não se enquadram nos conflitos regionais, como os que assolam o Oriente Médio.
O paradoxo está no fato de atentados como o de Oklahoma ou de Yokohama ocorrerem num período de resfriamento das tensões.
A guerrilha latino-americana, com a exceção de Chiapas (México), Colômbia e Peru, já aposentou suas armas.
Nos países árabes, declinam organizações patrocinadas por governos locais (como a Síria). Inspirados pelo Irã, entram em cena fundamentalistas islâmicos, interessados em substituir instituições laicas por modelos religiosos, como no Egito e na Argélia.
Os atentados na região estão diminuindo. O Hamas (Movimento de resistência Islâmico), contrário ao acordo de paz Israe-OLP, torna-se um grupo quase atípico.

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