São Paulo, domingo, 23 de abril de 1995
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Shakespeare de frente

INÁCIO ARAUJO

Orson Welles começa por despir Shakespeare do respeito ritual com que se costuma abordar seus textos. Todo mundo parece olhar o dramaturgo um pouco de baixo para cima -e não sem motivos. Welles encara-o frente a frente. E tem estatura para isso. Tanto que seu "Othello" restitui a grandiosidade da tragédia amorosa do general em suas minúcias, em seu espaço, nos colossais "travellings" que rasgam um castelo, ou em um primeiro plano em que tudo vibra. E, nessa história em que as intrigas de Iago levam Othello a duvidar de sua amada, a ver mentira onde ela não existe, Welles constrói um formidável labirinto. É um desses momentos em que teatro e cinema somam-se. Não são só compatíveis, mas complementares. É um "Othello" de gênios. (IA)

OTHELLO (Othello). Marrocos, 1949/52, 95 min. Direção: Orson Welles. Com Orson Welles, Suzanne Cloutier. P&B. Legendado. Na Cultura.

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