São Paulo, terça-feira, 25 de abril de 1995 |
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FMI ainda espera ajuste fiscal no Brasil
DO ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Michel Camdessus, disse ontem que o Brasil ainda deve tomar medidas indispensáveis para assegurar uma taxa de inflação estável e um consistente crescimento econômico."Claro que o presidente Fernando Henrique Cardoso concorda conosco nesse esforço essencial", afirmou. As medidas indispensáveis seriam o ajuste fiscal (corte de despesas e aumento da arrecadação), muitas delas enviadas pelo presidente Fernando Henrique Cardoso ao Congresso. Com o ajuste fiscal, o governo não se vê obrigado a emitir moeda, provocando inflação. Apesar da advertência, Camdessus elogiou o Brasil. Disse que parabenizou o Fernando Henrique Cardoso, durante encontro na Blair House, por sua atuação como ministro da Fazenda, quando teria dado "passos corajosos no sentir de ajustar a economia", e pela bem-sucedida troca da moeda. Também mereceu elogios a "flexibilidade" do governo, este ano, diante da taxa de câmbio (desvalorização do real frente ao dólar). O que serviu, segundo Camdessus, como barreira contra o "contágio" da crise mexicana. Ele disse estar confiante que, por causa dessas barreiras e avanços na política fiscal, o Brasil (também citou Argentina) já esteja fora do risco do "efeito México". Reconhece, porém, que a desconfiança entre empresários e investidores vai reduzir o fluxo de dinheiro para as chamados mercados emergentes. "Espero que seja temporário", comentou. Camdessus disse estar confiante que o pior já passou, ao afirmar que o México vai sair mais forte da crise. Afirmou ter elementos para estar otimista. Citou o superávit na balança comercial e a recuperação do valor do peso. "A essa altura vejo, embora com alguma prudência, que o contágio foi contido e que há melhora de perspectiva." Advertiu, porém, que os países devem melhorar seu equilíbrio (suas exportações, por exemplo), caso queiram recuperar a confiança dos investidores. Camdessus disse ter apreciado a proposta de Fernando Henrique Cardoso de fortalecer o FMI, municiando-o com mais recursos para enfrentar com rapidez crises como a mexicana. A idéia de FHC, transmitida a seu colega Bill Clinton, é a criação de uma nova linha de crédito, capaz de liberar dinheiro do FMI com agilidade e evitar a disseminação da crise de um país. Técnicos do FMI apoiaram ontem as novas medidas de contenção do consumo, pois o Brasil não deve colocar em risco sua política de estabilização. Camdessus considera que os países não devem aceitar que o consumo prejudique o nível de importações, compatível com as reservas internas, e pressione preços. O FMI advertiu em seu documento sobre as perspectivas mundiais o perigo de aquecimento econômico dos países, os quais provocariam desequilíbrio em suas contas externas. O sinal mais evidente da simpatia do FMI às novas restrições do crédito vieram do segundo homem da instituição, o americano Stanley Fischer, que considerou positivo o país enfrentar o nível de aquecimento da economia. LEIA MAIS sobre consumo no caderno Dinheiro Texto Anterior: Promotoria do RS julga Ibsen Pinheiro Próximo Texto: Países ricos discutem desvalorização do dólar Índice |
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