São Paulo, terça-feira, 25 de abril de 1995 |
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Maciel vence e FHC mantém os cargos políticos da Caixa
LUCIO VAZ MARTA SALOMON; WILLIAM FRANÇA
FHC chegou a anunciar, no início da noite, através do porta-voz Sérgio Amaral, que a reforma administrativa da CEF continuaria. Após reunião com líderes do governo no Palácio do Planalto, voltou atrás e manteve os cargos pedidos pelos políticos. Na tentativa de contornar a crise, FHC determinou que o presidente da CEF, Sérgio Cutolo, vá ao Congresso nesta semana para explicar os motivos da reforma. Cutolo vem recebendo políticos desde a semana passada. "O presidente acha que houve um mal entendido. O Cutolo vai ao Congresso explicar que o objetivo é descentralizar e não centralizar", disse Amaral. Assim que foram informados sobre a decisão de FHC, os líderes do governo no Congresso foram ao Palácio do Planalto para relatar a insatisfação dos parlamentares com esta medida. Estiveram com o presidente os líderes do governo no Congresso, Germano Rigotto (PMDB-RS), na Câmara, Luiz Carlos Santos (PMDB-SP), e no Senado, Élcio Álvarez (PFL-ES). A reforma proposta por Cutolo resultaria na extinção de 31 superintendências estaduais da CEF, cargos políticos muito disputados pelos parlamentares. As superintendências seriam substituídas por seis coordenadorias regionais. O líder do PFL na Câmara, Inocêncio de Oliveira (PE), disse ontem que é importante manter a atual estrutura da Caixa. Segundo ele, as superintendências regionais "têm um poder político enorme". "Eu não tenho um cargo destes. Mas, quem tem, tem um instrumento político forte nas mãos. O superintendente aprova empréstimos, projetos, libera verbas", afirmou Inocêncio. A liderança do governo do Congresso insiste em manter as superintendências da CEF. "Isto é inegociável", afirmou o vice-líder Benito Gama (PFL-BA), que ainda aposta no cancelamento do projeto de extinção desses cargos. Críticas O deputado Jackson Pereira (PSDB-CE), outro vice-líder do governo, também defendeu o cancelamento do plano de Cutolo, contrariando ponto de vista manifestado semana passada pelo ministro do Planejamento, José Serra, de seu partido. "Politicamente, o programa é um desastre", avaliou Pereira. "É difícil encontrar um parlamentar que fique a favor". Os dois vice-líderes afirmaram ter recebido reclamações de mais de 150 parlamentares contrários à reforma da Caixa. A discussão sobre o tema começou na semana passada. O vice-presidente Marco Maciel, então no exercício da presidência, foi acionado pelo PFL e ordenou a Cutolo a suspensão da reforma. Com a ordem de Maciel, foram suspensas as posses dos novos coordenadores regionais da Caixa. Mas, internamente, Cutolo continuou tocando o projeto, que já havia sido aprovado por FHC e pelo ministro Pedro Malan (Fazenda). O deputado Inocêncio Oliveira diz que o governo "vai ter que negociar com os partidos aliados. Vai ter que nos consultar. Até agora, não me convenci de que esta reforma é vantajosa para a instituição e para o país". Oliveira disse que a criação de seis coordenadorias vai "centralizar o poder em alguns Estados. A coordenadoria do Ceará, que vai controlar toda a região Norte, vai carrear os recursos da sua região para o próprio Estado". O deputado afirma que isso vai ocorrer "pela pressão do governador, dos secretários estaduais, dos parlamentares, que estarão ali, no ouvido do coordenador regional". "Você imagina o Estado de Minas Gerais subjugado ao Rio de Janeiro ou Pernambuco subjugado à Bahia?", pergunta Inocêncio. Ele próprio responde: "Não funciona". (Colaborou William França) Texto Anterior: Conversa reservada Próximo Texto: Luís Eduardo pede agressividade de FHC no confronto com a oposição Índice |
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