São Paulo, terça-feira, 25 de abril de 1995
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Polícia associa crimes à expansão do crack

ANDRÉ LOZANO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo e o Denarc (Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos) dizem que pode haver ligação entre o aumento do número de chacinas ocasionadas por questões envolvendo drogas este ano na capital com a expansão do consumo de crack.
Estatísticas do Denarc revelam que em janeiro e em fevereiro deste ano foram realizadas, em cada mês, seis prisões em flagrante de usuários ou traficantes de crack.
Em março, as prisões desse tipo aumentaram para 21 e este mês, até ontem, foram realizados 11 flagrantes da droga.
Comparando-se o total de apreensões de crack com o total de apreensões de todas as drogas em março com os mesmos dados dos 24 dias de abril, verifica-se que houve um aumento de 15% das apreensões de crack.
Ou seja, das 59 apreensões de drogas em março, 21 (35%) foram de crack. Até ontem, das 22 apreensões de abril, 11 (50%) referiam-se a crack.
Segundo o diretor-assistente do Denarc, José Francisco Leigo, o consumo de crack pode estar relacionado com chacinas envolvendo dependentes e traficantes porque "o efeito da droga é rápido e o usuário tem necessidade de comprá-la com mais frequência".
"Com isso os viciados acabam cometendo pequenos furtos na região onde moram e sendo vítimas de comerciantes que contratam matadores ou de pequenos traficantes que precisam se impor no local", diz Leigo.
O chefe da Divisão de Inteligência e Apoio Policial do Denarc, delegado Gofredo Bittencourt, disse ser necessário "aumentar o policiamento ostensivo nas favelas para se prender os pequenos traficantes, os principais responsáveis pelas chacina".
Segundo do delegado, hoje existem cerca de 5.000 pontos de venda de drogas na Grande São Paulo.
Ele disse que o Denarc vai promover uma "panfletagem" nas favelas distribuindo folhetos com telefones para denúncias anônimas com objetivo de se chegar aos traficantes.
"Os usuários de crack geralmente têm menor poder aquisitivo (a droga é mais barata que a cocaína). Por isso, estão mais sujeitos a dívidas com traficantes. Se elas, mesmo pequenas, não são pagas, os compradores acabam mortos", disse o secretário-adjunto da Segurança Pública Luiz Antônio Alves de Souza.
O diretor do Proade (Programa de Orientação e Assistência a Dependentes) do Departamento de Psiquiatria da Escola Paulista de Medicina, Dartiu Xavier Silveira, afirmou que tem aumentado o número de dependentes de crack que procuram o programa. "Hoje, um terço dos nossos paciente são viciados em crack", disse.

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