São Paulo, terça-feira, 25 de abril de 1995
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Professor quer renda, formação e autonomia

DA REDAÇÃO

Renovar as políticas salariais dos profissionais da educação, rediscutir o papel das instituições de formação desses profissionais e dar mais poder às escolas foram os principais pontos de consenso no debate "Formação de Professores e Qualidade de Ensino".
Promovido na última quarta-feira pela Folha com apoio do Grupo-Associação de Escolas Particulares, o debate reuniu representantes de professores, da área educacional do governo do Estado de São Paulo, das escolas privadas e da universidade.
"O profissional de ensino hoje dá até 60 horas de aula por semana. Não dá para esperar que nosso professor, assim, venha a se tornar um bom profissional", avaliou o diretor da Apeoesp (sindicato dos professores do Estado de São Paulo), Roberto dos Santos.
"Lamentavelmente, nós não temos a expectativa de avançarmos na questão dos salários nos próximos quatro, cinco anos", acrescentou o presidente do Sinpro (o sindicato dos professores da rede particular em São Paulo), Luiz Antonio Barbagli.
O aspecto salarial, no entanto, não dominou o debate. Serviu de fundo para a discussão sobre a melhoria da qualidade de ensino.
A coordenadora da Cogesp (Coordenadoria de Ensino da Grande São Paulo, órgão da Secretaria de Estado da Educação), Sonia Penin, defendeu as diretrizes do governo Mário Covas de descentralizar a formação de professores e a gestão do ensino.
"A tônica é que os professores precisam estar pensando sua própria situação", disse Penin.
A idéia é que a formação dos professores estaduais deixe de estar centralizada na cidade de São Paulo -mais especificamente na FDE (Fundação para o Desenvolvimento da Educação)- e seja coordenada pelas próprias escolas e pelas delegacias de ensino.
"Isso vai possibilitar alternativas para qual a melhor forma e a melhor instituição a fazer essa capacitação." O que também leva a outra idéia: que a formação passe a ser contínua, no local de trabalho, e não "aquilo da universidade dar um curso e depois ir embora".
Essa perspectiva é semelhante à da diretora do Grupo, representando escolas particulares, Sylvia Figueiredo Gouvea. "A escola tem que ser a líder do processo (de reformulação da relação de ensino-aprendizagem), não os governos."
Para Gouvea, o problema que se coloca aí é que "o professor passou a ser uma pessoa que recebe as coisas prontas, foi se acomodando em uma posição de inferioridade".
A vice-reitora da USP (Universidade de São Paulo) e ex-diretora de Faculdade de Educação, Myrian Krasilchik, enfatizou a necessidade de se repensar a qualidade do ensino "face às mudanças vertiginosas que ocorrem hoje".
Segundo Krasilchik, a reflexão desenvolvida na Faculdade de Pedagogia não é descolada da realidade das escolas, mas necessária à organização do conhecimento na área.
Abaixo, trechos do debate.

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