São Paulo, terça-feira, 25 de abril de 1995
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Bolsas sobem; juros dos CDBs recuam

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

As Bolsas fecharam em alta. O dólar comercial (exportações e importações) subiu. Os juros pagos pelos CDBs recuaram quase dois pontos percentuais.
Este foi o retrato de ontem do mercado financeiro. Dia em que o governo anunciou novas medidas de restrição de crédito.
E o governo não fez o que esperava o mercado. Os bancos apostavam ou em medidas que tirassem o dinheiro do mercado (liquidez) de forma imediata ou que o BC subiria os juros.
Nem uma coisa nem outra. O BC, na verdade, limitou o crédito colocando barreiras na captação de recursos pelos bancos.
Duas medidas foram anunciadas ontem: 1) os bancos passam a recolher 30% de compulsório sobre o dinheiro captado em CDBs (27% podem ser depositados em títulos, mas 3% serão obrigatoriamente entregues ao BC em dinheiro); 2) tudo o que os bancos captarem a mais sobre a posição de 21 a 24 de fevereiro terá compulsório de 60%. Ou seja, de cada R$ 100 captados a mais, R$ 60 vão obrigatoriamente para o BC.
Hoje, o estoque de CDBs está um pouco abaixo do limite estabelecido (R$ 75 bilhões contra R$ 78 bilhões).
Os bancos serão obrigados a pagar os 3% (sobre o estoque) em dinheiro. Algo próximo de R$ 2,25 bilhões.
O impacto visível das medidas foi um aumento dos "spreads" (diferença entre a taxa paga ao investidor e cobrada de quem tomou empréstimo).
O juro pago para o investidor deve cair -já que os bancos não têm interesse em aumentar sua posição de CDBs. Mas o juro cobrado nos empréstimos deve subir. Ontem, subiu entre dois e três pontos percentuais nas operações de mais de 40 dias.
A alta da Bolsa mostra que o otimismo em relação ao programa de privatização aumentou.
O governo ganha pontos quando anuncia que vai adotar medidas e acaba adotando mesmo. O mercado espera novas medidas.

JUROS
Curto prazo
Segundo o mercado, a taxa do over ficou, em média, em 7,35% ao mês, projetando 4,25% no mês. No mercado de Certificados de Depósito Interbancário (CDIs), as taxas de juros ficaram, em média, a 7,39% ao mês, projetando 4,27% no mês.
As cadernetas que vencem hoje rendem 4,1894%. CDBs prefixados de 30 dias negociados ontem: entre 69,70% e 70,50% ao ano. CDBs pós-fixados de 122 dias: 14% ao ano mais TR.
Empréstimos
Empréstimos por um dia ("hot money") contratados ontem: a taxa de 8,6% a 9,1% ao mês. Para 30 dias (capital de giro): de 95% a 135% ao ano.
No exterior
Prime rate: 9,0% ao ano. Libor: 6,25%.
AÇÕES
Bolsas
São Paulo: alta de 3,8%, fechando com 35.128 pontos e volume financeiro de R$ 219,3 milhões. Rio: alta de 3,1, encerrando a 15.946 pontos e movimentando R$ 23,283 milhões.
Bolsas no exterior
Londres: o índice Financial Times fechou a 2.431,5 pontos. Em Tóquio, o índice Nikkei fechou a 16.804,05 pontos.
DÓLAR E OURO
Dólar comercial (exportações e importações): R$ 0,918 (compra) e R$ 0,920 (venda). Segundo o Banco Central, o dólar comercial foi negociado, em média, por R$ 0,911 (compra) e por R$ 0,913 (venda). "Black": R$ 0,895 (compra) e R$ 0,905 (venda). "Black" cabo: R$ 0,912 (compra) e R$ 0,914 (venda). Dólar-turismo: R$ 0,885 (compra) e R$ 0,920 (venda), segundo o Banco do Brasil.
Ouro: queda de 1,04%, fechando a R$ 11,38 o grama na BM&F.
Câmbio contratado
O saldo de fechamento de câmbio comercial (exportação menos importação) neste mês acumulado até o dia 20 é positivo em US$ 487,41 milhões. As saídas financeiras superam as entradas de dólares em US$ 877,15 milhões. O saldo total está negativo em US$ 389,74 milhões.
No exterior
Segundo a "UPI", em Londres a libra fechou cotada a US$ 1,6155. Em Frankfurt, o dólar foi cotado a 1,3686 marco alemão. Em Tóquio, o dólar foi cotado a 82,66 ienes. Em Nova York, a onça-troy (31,104 gramas) do ouro fechou a US$ 390,9.
FUTUROS
No mercado de DI (Depósito Interfinanceiro) da BM&F, a projeção de juros para abril fechou a 4,23% no mês e para maio a 4,59% no mês. No mercado futuro do índice Bovespa, a cotação para junho ficou a 37.500 pontos. No mercado futuro de dólar, a moeda norte-americana para abril fechou a R$ 0,920 e a R$ 0,945 para maio.

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