São Paulo, terça-feira, 25 de abril de 1995 |
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Receio de 'pacote' provoca uma corrida às compras
MÁRCIA DE CHIARA
As vendas a prazo cresceram 21,5% e as à vista 18,3% no sábado em relação ao anterior, segundo a Associação Comercial de São Paulo (ACSP). "Foi o melhor final de semana do ano para quem vende no crediário", diz Emílio Alfieri, economista da ACSP. No último sábado, o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), indicador das vendas a prazo, recebeu 42.159 consultas. Esse número só perde para o final de semana da véspera do Natal, quando foram registradas 42.941 consultas. As vendas à vista acompanharam o ritmo de crescimento do crediário. O Telecheque, termômetro dos negócios à vista, recebeu 35.160 consultas no sábado, 1,8% menos do que o melhor final de semana do ano registrado até agora -dia 25 de março. "Houve uma corrida às compras", confirma Michel Klein, diretor da Casas Bahia, que vende em até oito prestações, com juros de 10% ao mês. No último sábado, a rede faturou US$ 7 milhões, 40% mais do que num final de semana normal. Segundo Klein, o movimento nas 103 lojas da rede foi semelhante a um sábado após o recebimento do salário, apesar do feriado de sexta-feira. Sem revelar os números, a Arapuã confirma que o último final de semana foi o melhor do mês. Para João Alberto Ianhez, diretor da rede, o consumidor antecipou as compras de eletroeletrônicos para o Dia das Mães. É que ele teme que as novas medidas anticonsumo provoquem o encurtamento dos prazos do crediário. Ontem, a Arapuã vendia em até 12 vezes e cobrava juros de 10% ao mês. Na opinião de Alfieri, o salto nas vendas, provocado pela expectativa de medidas restritivas ao crédito, ganha força com o novo salário mínimo pago em junho. Motivo: o consumidor já começa a gastar por conta desde agora. Repique Grandes redes de lojas do interior do Estado de São Paulo, como o Magazine Luiza e a Lojas Cem, não registraram aumento de vendas no último fim-de-semana. "O consumidor do interior não tem o hábito de fazer compras aos sábados", diz Natale Dalla Vecchia, sócio-diretor das Lojas Cem. Essas lojas apostam, no entanto, em um repique do consumo no mês que vem, por conta do novo salário mínimo e do Dia das Mães -a melhor data para o comércio depois do Natal. Até ontem, as grandes redes de lojas que trabalham com crediário de longo prazo não tinham reduzido o número de prestações por causa da decisão do governo de aumentar o depósito compulsório sobre o CDB (Certificado de Depósito Bancário), título emitido pelos bancos para captar dinheiro no mercado. Para Alfieri, da ACSP, essa medida deve provocar a redução no número de prestações. É que esses títulos lastreiam as vendas a prazo. Texto Anterior: Procter & Gamble investe US$ 5 mi no país Próximo Texto: Bancos prevêem queda na oferta de crédito Índice |
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