São Paulo, terça-feira, 25 de abril de 1995
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Crítico estréia na direção com poema a SP

AMIR LABAKI
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Abaixo, Bernardet fala sobre sua experiência como diretor em "São Paulo, Sinfonia e Cacofonia", que entra em cartaz no anexo do Espaço Banco Nacional no dia 5 de maio.
O filme chegará também a Campinas, onde será exibido entre 19 e 25 de junho, no Centro Cultural Vitória (r. Regente Feijó, 1.087, tel. 0192/31-4579).
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Folha - Você teve alguma experiência na direção antes do "São Paulo, Sinfonia e Cacofonia"?
Bernardet - Fiz três filmes com o João Batista de Andrade, em co-direção, mas não consta em lugar nenhum. São "Paulicéia Fantástica", "A Esperança É Eterna" e "Vera Cruz". Depois disso escrevi dois filmes com o Cláudio Kahns. Um se chamava "Para Início de Conversa" e seria um curta-metragem feito com trechos de finais de filmes brasileiros dos anos 60.
Mais ou menos na mesma época escrevi outro filme, "Ação Roubada", que eu queria fazer sobre Mazzaropi. Eu queria trabalhar uma única cena, de tal forma que pouco a pouco aflorasse para o espectador a estrutura de um personagem que soluciona seus problemas sem agir -e que eu acho muito importante para compreender a estrutura brasileira. Os herdeiros se recusaram a ceder os direitos para o uso da cena.
O "Para Início" foi duas vezes inscrito e não escolhido para o Prêmio Estímulo. O "São Paulo, Sinfonia e Cacofonia" tem tudo a ver com esses roteiros. É uma continuidade de trabalho.
Folha - Como surgiu esse projeto?
Bernardet - Estes dois filmes ("Sinfonia" e "Cinema") são a prova de que um dos fatores mais importantes na evolução da história é o acaso. A Dora (Maria Dora Mourão, montadora e professora do curso de cinema da ECA-USP) me pegou num corredor e disse: "A reitoria abriu verbas para pequenas pesquisas e fecha amanhã. Você não tem uma idéia?"
Sugeri: "Que tal fazer uma filmografia sobre São Paulo no cinema?". Redigi alguma coisa, ela encaminhou e recebemos uma pequena verba. Começamos a trabalhar vendo os filmes sem muita perspectiva do que fazer. Fizemos um projeto de US$ 270 mil para a Fapesp. Pensamos então que seria o caso de sair do papel e partir para filmes.
Como haviam perspectivas diferentes, pensamos num trabalho mais poético e outro mais centrado numa reflexão sobre a metrópole e o urbanismo.
Folha - Você está preparando também um livro?
Bernardet - Um dos subprodutos do projeto foi um curso de pós-graduação na ECA. A minha idéia agora é de fazer uma espécie de livro de documentação, com o projeto, notas das aulas e um depoimento de cada participante do primeiro escalão.
(ALk)

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