São Paulo, terça-feira, 25 de abril de 1995
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CD traz de volta "malditos" da MPB

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O cantor e compositor Jorge Mautner chega esta semana ao CD, com o relançamento do disco "Bomba de Estrelas" (Warner, 1981).
Depois de várias reedições de trabalhos de Jards Macalé, Walter Franco e Tom Zé, Mautner é o último dos velhos "malditos" da MPB a chegar ao CD.
Mais democrático que o vinil, o CD tem trazido de volta discos que marcaram época na MPB -apesar da pequena repercussão entre o grande público- e permaneceram fora de catálogo por duas décadas.
Para as próximas semanas, o selo independente Rock Company promete mais dois CDs de Mautner -"Jorge Mautner" (1974) e "1001 Noites de Bagdá" (1976)- e dois de Walter Franco -"Respire Fundo" (1978) e "Vela Aberta" (1980).
A gravadora já relançou os dois primeiros discos de Macalé, "Jards Macalé" (1972) e "Aprender a Nadar" (1974). A Continental editou "4 Batutas & 1 Coringa" (1987).
Seu primeiro disco (também homônimo), lançado em 1968, continua desaparecido. Chega a custar R$ 200,00 no comércio de sebos.
"Bomba de Estrelas", o disco mais comercial de Mautner, é relançado num pacote que inclui também seu livro "Fragmentos de Sabonete". A Warner promete relançar também "Árvore da Vida", de 1988.
Walmir Zuzzi, dono do selo, pretende agora transformar em CD a estréia de Mautner, "Para Iluminar a Cidade" (1972), e "Antimaldito" (1985).
Se Zuzzi vem centrando fogo nos malditos por ideologia, as grandes gravadoras parecem ter outras intenções.
"Os relançamentos se encaixam num projeto de busca de prestígio", diz Ricardo Ameriot, diretor de marketing da Continental.
"Apesar de acharmos que os CDs não devem explodir, temos feito os relançamentos por acharmos que temos um pouquinho de compromisso cultural", diz Marcos Simões, da Warner.
As vendagens, para Ameriot, não são decepcionantes. Oscilam entre 8.000 cópias ("Ou Não") e 17 mil ("Tom Zé").
Juntos, os dois relançamentos de Macalé mais seu inédito "Let's Play That" (1994) venderam 7.000 exemplares.
Mesmo modestos, os números chegam a surpreender, considerando-se a realidade nacional e o incômodo rótulo de "malditos" que sempre manteve distante do público a antes chamada "geração de briga".

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