São Paulo, terça-feira, 25 de abril de 1995
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Um lado, outro lado; "El Cid"; Oscar Niemeyer; Governo FHC; Painel dos notáveis; Enfermeiras da Globo; Comentários passados

Um lado, outro lado
"Felicitações à Folha por conseguir manter-se como um espaço plural, que comporta Janio de Freitas, Clóvis Rossi, Cony, José Simão, por um lado, e Gilberto Dimenstein, Luís Nassif, Jabor e Roberto Campos, por outro."
Emir Sader, sociólogo (São Paulo, SP)

"El Cid"
"Gostei muito do artigo 'El Cid', publicado dia 6/4. Não sabia que Otavio Frias Filho tinha tanto talento literário. Eu já escrevi mais de uma vez para a Rede Globo pedindo que aposentassem o Cid Moreira. A propósito: no mesmo número em que foi publicado esse artigo, os jornalistas estavam menos radicais e raivosos do que sói acontecer (refiro-me ao time das estrelas), exceto Clóvis Rossi e Janio de Freitas. Parece que esses dois brigaram com o mundo. Nesta altura da minha vida, não vou ler mais nada que possa me azedar. Não vale a pena. E tem uma personagem no jornal que considero execrável. É o José Simão."
Maria Tereza Camargo Biderman, professora titular de linguística da Universidade Estadual Paulista -Unesp (São Paulo, SP)

Oscar Niemeyer
"Em sua coluna de 16/4, intitulada 'Collor nas artes', o sr. Ricardo Semler atacou injustificadamente a Fundação Bienal de São Paulo, na pessoa de seu presidente, Edemar Cid Ferreira, e o arquiteto Oscar Niemeyer, que honra, com sua presença, os quadros do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB). Em março de 1996, o IAB, juntamente com a Fundação Bienal de São Paulo e através do IAB-SP, estará realizando a terceira versão da Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, com o tema 'Grandes Metrópoles -Da Utopia ao Contextualismo', evento que reunirá exposições relativas às maiores cidades do globo e que já se prenuncia como um dos mais importantes encontros de arquitetura e urbanismo neste final de século. Em outubro deste mesmo ano, esta harmoniosa parceria organizará a representação brasileira na Bienal de Arquitetura de Veneza, apresentando como destaque a obra e o pensamento de Oscar Niemeyer. Pela segunda vez, o articulista ataca de forma solerte o arquiteto. Não é nossa intenção utilizar este espaço para defender Niemeyer, ganhador do Prêmio Pritzker/1986 e autor de uma obra tão eloquente que, mais que o proteger, destaca-o e à arquitetura brasileira como eminentes manifestações culturais de um povo. Acreditamos que a generosidade com que concebe espaços e formas habitáveis certamente reservará lugar para o perdão à crítica oligofrênica e insensível de quem quer impor aos outros a própria cegueira. Como crítico de arquitetura, o sr. Semler permanece um esforçado sósia de Will Robinson e, como este, continua perdido no espaço. Recentemente, tivemos a oportunidade de testemunhar o respeito e a admiração que o mundo da arquitetura devota a esse destacado arquiteto brasileiro. Em Lisboa, em novembro do ano passado, por ocasião do 3º Encontro Internacional de Arquitetos de Língua Portuguesa, o arquiteto Santiago Calatrava, que bem poderia figurar na galeria dos 'arquitetos inovadores' citados com deslumbramento pelo articulista, fez questão de expressar a sua emoção e o seu reconhecimento por compartilhar a mesma audiência com 'el grande maestro brasileño'. Neste passo, chegamos a algumas tristes conclusões: o grande problema do Brasil é, além de não conhecer, não reconhecer o Brasil. Realmente, as síndromes de cachorro vira-lata e a do deslumbramento rastaquera com o Primeiro Mundo, tão combatidas por personagens geniais como Nelson Rodrigues e tão características da era Collor (de triste lembrança), continuam assolando o país e se transformaram em estandartes ideológicos de alguns candidatos a intelectuais que só sabem 'matar, esmagar, destruir' as potencialidades e as realizações nacionais. Quando é que iremos deixar (sem xenofobia, claro) de eleger, a cada semana, um novo 'darling' intelectual, de preferência estrangeiro, que virá nos redimir a todos e nos retirará da condição de pobres miseráveis? O que será que nos resta? O neosebastianismo cultural? Por fim, ficam aqui registrados um desafio e um convite para daqui a um ano: sr. Semler, reveja seu pessimismo provinciano, saia de baixo da própria mesa, jogue para o alto a paranóia Collor e vá à 3ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo! Afinal de contas, cultura faz bem à saúde, inclusive à mental."
Romeu Duarte Junior, presidente nacional do Instituto de Arquitetos do Brasil (Fortaleza, CE)

Governo FHC
"Gilberto Dimenstein indaga aflito: e se FHC naufragar? Posso garantir que o colunista não precisa se preocupar, pois o sr. FHC jamais fracassará, ele já deu uma pista quando afirmou ser o Caminho, e daí para ser a Verdade e a Vida é só um pulinho. Calma sr. Dimenstein, o homem é o Enviado..."
Edu Marques Longobardi Filho (Cuiabá, MT)

"Se arrependimento matasse, FHC estaria morto. Alianças eleitoreiras estão desvirtuando seus objetivos e minando as esperanças de um povo."
João Batista Bastos (Belo Horizonte, MG)

"Ter falado a verdade foi o único pecado do ministro Sérgio Motta, virtude que a maioria das lideranças políticas deste país desconhece."
Orlando Lovecchio Filho (Santos, SP)

"Os maus são maus porque os bons não são melhores. Entra e sai governo e continua a mesma discussão: os 'bons', que entram, atacam os 'maus', que saem. Os 'maus', que saem, atacam os 'bons', que entram. Não é melhor finalmente começar a trabalhar?"
Leila Sarhan Salomão (São Paulo, SP)

Painel dos notáveis
"Como foi bem lembrado por um leitor, este Painel do Leitor precisa mudar de nome: painel dos notáveis, dos parlamentares, de funcionários de alto escalão e de resposta de jornalistas. É um espaço reservado a tudo e a todos, menos ao cidadão comum."
Maria da Graça Nogueira (São Paulo, SP)

Enfermeiras da Globo
"As enfermeiras que frequentam o curso de pós-graduação em enfermagem do trabalho, que ora está sendo promovido pela Universidade do Contestado, no campus de Concórdia (SC), vêm a público manifestar repúdio às menções desrespeitosas que a profissão está sofrendo na novela 'Quatro por Quatro' (Rede Globo). Não podemos mais suportar caladas a injúria coletiva de que as enfermeiras, naquela novela, têm sido vítimas. A enfermeira aparece, de forma generalizada, sempre como figura depravada e promíscua."
Ana Maria C. Weihermann, seguem-se mais 33 assinaturas (Concórdia, SC)

Comentários passados
"Não tenho visto nada mais antigo e reacionário do que as matérias de Erika Palomino de 21 e 22/4. Qual é a de comentar que dona Ruth repetiu a roupa e que a Marisa Monte tá usando modelito hippie ('limpinha, mas hippie!')? Ela ainda está nessa de décadas atrás? Será que ela não aprendeu que a liberdade é a maior forma de expressão?"
Ciloca Mesquita Oliveira (Jundiaí, SP)

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