São Paulo, quarta-feira, 26 de abril de 1995
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Presidente da holding desconhece a decisão

DA SUCURSAL DO RIO

Presidente da holding desconhece a decisão
O presidente da Eletrobrás, Mário Santos, foi surpreendido com a informação de que o governo decidou privatizar a Eletrosul, a Eletronorte, a Chesf e Furnas Centrais Elétricas, as grandes empresas do sistema Eletrobrás.
Durante seminário feito na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro sobre a privatização do setor elétrico, Santos deixou claro várias vezes não ter conhecimento oficial da notícia que havia sido dada momentos antes por jornalistas.
Ele disse que a Eletrobrás vinha assessorando o Conselho de Desestatização na discussão sobre o que fazer com suas subsidiárias de geração de energia e comentou com uma ponta de ironia: "Mas posso não ter sido chamado a assessorar neste pequeno detalhe".
O presidente da Eletrobrás está interinamente no cargo porque o governo ainda não nomeou o sucessor do ex-presidente José Luiz Alqueres.
Durante e depois de sua palestra, ele disse que ao privatizar o setor elétrico o governo deve ter o cuidado de manter o controle sobre o sistema de transmissão (linhas que conduzem a energia de um ponto a outro), manter a coordenação global do setor e exercer sobre ele uma forte regulamentação e fiscalização.
"Se a regulação, a fiscalizaçãoo e a coordenação integradora forem asseguradas, sobretudo pelo controle federal da transmissão, quem será o dono da geração não é vital para o consumidor brasileiro."
Santos afirmou que o setor elétrico precisa de US$ 23 bilhões em investimentos até 1998, sendo US$ 11 bilhões na área de geração de energia.
O ex-presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Eduardo Modiano, atual vice-presidente do Banco Itamarati, disse que até agora a privatização no governo Fernando Henrique Cardoso "não passou de nhém-nhém-nhém", expressão usada em outro contexto por FHC e que significa conversa mole.
Informado extra-oficialmente pelos jornalistas sobre as decisões tomadas pelo governo em Brasília, Modiano disse: "Se for verdade, vai acabar o nhém-nhém-nhém".

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