São Paulo, quarta-feira, 26 de abril de 1995
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"Ou o inferno ou o céu"

DA AGÊNCIA FOLHA

O delegado Ricardo Noronha, que comanda as negociações com os assaltantes, proibiu ontem o empresário Roni Martin de falar com jornalistas. Ele foi libertado para que tentasse obter US$ 500 mil para os assaltantes.
Antes que retornasse, a polícia cercou a casa de Martin, onde os assaltantes mantinham sete reféns, entre eles a mulher de Martin, Leina, e a filha do casal, Natália.
A rádio CBN, de São Paulo, veiculou ontem pela manhã uma entrevista feita por telefone com uma das reféns, Úrsula Kraemer -mulher de Elton Kraemer, tesoureiro da empresa Reuter Câmbio e Turismo, também libertado-, e com um dos assaltantes.
Na entrevista, um dos assaltantes afirma que o grupo estaria disposto a só deixar a casa junto com os reféns, em um carro-forte.
Leia a transcrição de trechos das entrevistas, em que o assaltante mostrou ter dificuldade em falar corretamente o português:

Úrsula Kraemer - A polícia simplesmente não está colaborando. Apavorou tanto a gente como as crianças a noite toda. Nós pedimos que eles colaborem e também queremos a colaboração da população. Nós queremos a liberdade deles. Que eles façam o impossível para arrumar o carro-forte e que não façam nada, nada, nada. Nós estamos implorando à polícia que se afaste. Todos colaborem, porque são sete vidas, dez vidas.
Repórter - Qual dos três cidadãos aí se proporia a conversar comigo?
Úrsula - Só um momentinho.
(Atende um homem com sotaque.)
Assaltante - Gente que aqui fica com sete pessoas.
Repórter - O seu nome por favor?
Assaltante - Gente que está pedindo para ir embora.
Repórter - O que vocês querem para ir embora?
Assaltante - Nós querer um carro-forte. Nós querer combustível, comida e polícia fora para embarcar e seguir viagem, porque nós ir longe. Polícia vem atrás, não tem volta.
Repórter - Posso fazer uma pergunta? Você se dispõe a libertar...
Assaltante - Não, não.
Repórter - ...pelo menos as crianças antes?
Assaltante - Não, não. Não liberta nem fio cabelo. Nós leva todos ou nós ficar aqui todos.
Repórter - O destino de vocês seria para que direção? Paraguai?
Assaltante - Nós ou inferno ou nós vai para céu. Nós ou sai para onde tem liberdade, ou nós vai ficar aqui com mais sete pessoas para vocês rezarem uma missa. (Ao fundo, barulho de criança chorando).

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