São Paulo, quarta-feira, 26 de abril de 1995
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Comércio encurta prazo para cheques pré-datados

MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

O comércio começa a rever a concessão informal de crédito, por meio do cheque pré-datado, devido às últimas medidas anticonsumo adotadas pelo governo.
O setor supermercadista, por exemplo, que desde janeiro tenta manter as vendas facilitando o pagamento com pré-datados, já começa a reduzir os prazos de aceitação desses cheques.
A partir da próxima segunda-feira o supermercado Cândia só aceitará cheque pré-datado para 14 dias. Até agora a rede vendia com cheque pré-datado para 21 ou 28 dias.
A empresa informa que resolveu encurtar o número de dias do pré-datado porque os custos operacionais estão mais elevados.
Nas duas lojas da rede o cheque pré-datado representa de 40% a 50% do faturamento e tem garantido neste mês o crescimento de 5% nas vendas sobre março.
André Nassar, sócio da rede de supermercados Mambo, diz que, por enquanto, o prazo de até 30 dias para o desconto dos cheques será mantido em suas lojas.
"Mas temos que ver o que vai acontecer com o crédito que os bancos nos oferecem", ressalva.
Para Firmino Rodrigues Alves, presidente em exercício da Apas (Associação Paulista de Supermercados), os supermercadistas devem diminuir o prazo de aceitação do pré-datado a partir da próxima segunda-feira.
Com as últimas medidas anticonsumo, explica ele, o governo está retirando mais dinheiro da economia. Resultado: os empresários vão ter menos disponibilidade de crédito bancário para financiar as compras a prazo.
Wilson Tanaka, presidente do Sincovaga, que reúne 35 mil pequenos supermercados no Estado de São Paulo, prevê também que deverá ocorrer um encurtamento dos prazos daqui para frente.
"Não dá para deixar de aceitar o cheque pré-datado. Hoje, diante de vendas fracas, é ele que garante o faturamento", diz Tanaka.
Recorde
Abril baterá o recorde no uso do cheque pré-datado neste ano. Até o dia 20 deste mês, 64,8% das consultas sobre cheques recebidas pela Teledata, empresa que garante os cheques, eram de pré-datados.
Em março o pré-datado representava 59,7% do total de consultas; em fevereiro, 61,5%; em janeiro, 58,6%.
Nos primeiros 20 dias de abril o uso do cheque cresceu 35% sobre o mesmo período do mês passado. Segundo Deolinda Victória, gerente de marketing do Teledata, o pré-datado ganhou fôlego por causa da Páscoa.

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