São Paulo, quarta-feira, 26 de abril de 1995
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Taxas de juros ainda são vantajosas

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar do recuo das taxas, as aplicações que rendem juros continuam sendo as mais recomendadas pelos analistas.
Com as medidas adotadas segunda-feira pelo governo, para esfriar o crédito, "há menos disposição dos bancos em captar recursos via CDBs", diz Fábio de Oliveira, do Banco de Boston.
Essa menor disposição se reflete nas taxas oferecidas, que recuaram. O ganho efetivo foi reduzido em 0,12 ponto percentual no mês.
É que o Banco Central limitou a capacidade de captar recursos pelos bancos. Quem passar do limite imposto, de cada R$ 100,00 captados a mais, vai entregar R$ 60,00 ao governo.
Na prática, conforme Luiz Eduardo de Assis, do Citibank, existe uma tendência de maior dispersão dos juros pagos. Se o banco quer captar, paga juros de mercado; se, ao contrário, não quer, recua as taxas.
João César Tourinho, do Banco Europeu e diretor da Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos), questiona a forma adotada pelo governo ("que pune o poupador"), mas considera que a restrição ao consumo é essencial. "O real não aguenta dois meses com esse consumo."
Mas, menos com essa queda dos juros, as taxas continuam bastante atraentes. O CDB está pagando 4,32% brutos ou 3,89% líquidos (descontado o imposto). Contra uma inflação estimada em 2,5%, o ganho real (acima da inflação) é de 17,5% ao ano.
O juro nominal alto continua desaconselhando a compra de dólares. "A taxa nominal de juros é de 75% ao ano. Você acredita que haverá uma maxidesvalorização de 75%?", indaga Tourinho, emendando a resposta: "Isto não vai existir. É melhor ficar em real e ganhar o juro."
Assis diz ainda que as medidas adotadas pelo governo -e que, espera o mercado, serão completadas na quinta-feira- "diminuem a probabilidade de novas mexidas no câmbio".
No caso das Bolsas, as expectativas são melhores -mas não por causa da queda dos juros. "Privatização é uma palavra mágica", diz Assis. Até o investidor estrangeiro voltou ao mercado.
Sujeitas a oscilações no curto prazo, as Bolsas devem reagir. Tourinho diz que o Índice Bovespa em dólar está em US$ 14,00 e pode chegar a US$ 16,00.
(JCO)

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